sexta-feira, 23 de julho de 2021

Dois bombeiros mortos e três feridos em despiste de viatura de combate a fogos

Voluntários de Vinhais despistou-se e capotou, esta quinta-feira, na freguesia de Vilar de Ossos, em Vinhais, num local de difícil acesso. Há duas vítimas mortais e três feridos, um deles grave.

Os cinco elementos da corporação de Vinhais seguiam para uma zona rural onde tinhadeflagrado um incêndio quando o despiste ocorreu, seguindo-se o capotamento da viatura. Além de três feridos, que foram transportados para o hospital, um dos quais em estado grave, o acidente causou a morte a dois bombeiros, um homem e uma mulher, cujas mortes já foram lamentadas pelo ministro da Administração Interna.

 

"Foi com profunda tristeza que tomei conhecimento da morte da Bombeira de 2.ª Neuza Guedes, de 36 anos, e do Bombeiro de 3.ª Carlos Morais, de 22 anos, do Corpo de Bombeiros Voluntários de Vinhais, vítimas de um acidente de viação durante o trânsito para um teatro de operações de incêndio rural", pode ler-se em comunicado assinado por Eduardo Cabrita, que, "em nome pessoal e em nome do Governo", endereçou "os mais sentidos pêsames à família, aos amigos, aos Bombeiros Voluntários de Vinhais, à Associação Humanitária de Bombeiros de Vinhais e aos Bombeiros de Portugal".      

Expressando também "votos de plena recuperação aos três bombeiros que ficaram feridos", o governante relembrou "a forma altruísta, profissional e sempre abnegada com que milhares de bombeiros integram diariamente este esforço nacional de defesa da floresta contra os incêndios".


Marcelo Rebelo de Sousa também já lamentou o acidente. Numa nota publicada na página oficial da Presidência da República, é explicado que o chefe de Estado já contactou o comandante da corporação de bombeiros "a quem manifestou a sua solidariedade pelas vidas perdidas no cumprimento de missão e endereçou uma rápida recuperação dos bombeiros feridos". 

 

"Às famílias enlutadas, aos bombeiros de Vinhais e demais amigos, apresenta o Presidente da República as suas sentidas condolências".

 

Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Bragança, ao local do acidente acorreram 14 meios e 29 operacionais dos Bombeiros de Vinhais, INEM, SIV de Mirandela e VMER de Bragança. O alerta para o acidente foi dado pelas 18 horas, segundo o site da Autoridade Nacional da Proteção Civil.

In Jornal de Noticias

terça-feira, 20 de julho de 2021

Incêndios: Governo diz “fazer o necessário” na floresta “mas resultados só a médio/longo prazo”

 O ministro do Ambiente disse hoje, no parlamento, que se está "a fazer o necessário" na área da floresta, destacando-se a constituição de 47 Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), "mas resultados só a médio/longo prazo"

Foram submetidas propostas de 97 áreas deste género — AIGP — e 47 mostraram condições para prosseguir, abrangendo 94.243 hectares e 26 concelhos”, indicou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, no âmbito de uma audição regimental na comissão parlamentar de Agricultura e Mar, que decorreu exclusivamente por videoconferência devido à situação pandémica de covid-19.

Os contratos para a constituição das 47 AIGP foram assinados na segunda-feira, numa cerimónia na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra.

“Houve 33 áreas destas submetidas por autarquias e 14 por organizações de produtores agrícolas ou florestais”, informou.

Realçando a necessidade de agir em equipa, João Matos Fernandes lembrou o Programa de Transformação da Paisagem como “um instrumento fundamental para uma intervenção integrada e estruturada em territórios de floresta com vulnerabilidades específicas, decorrentes da conflitualidade entre a perigosidade e a ocupação e uso do solo”.

Dos instrumentos em execução, o ministro destacou ainda os Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem, que servem para promover o desenho da paisagem de territórios considerados vulneráveis, abrangendo áreas entre 25.000 e 40.000 hectares.

“Está elaborado o Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem das Serras de Monchique e Silves. Em desenvolvimento, e com conclusão prevista para este mês, está o do Pinhal Interior Sul, integrando os concelhos de Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei e Mação”, avançou o titular da pasta do Ambiente.

Relativamente ao concurso público internacional com quatro lotes para elaboração dos Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem de Serras da Lousã e Açor; Alto Douro e Baixo Sabor; Serras do Marão, Alvão e Falperra; e Serra da Malcata, que foi lançado em março, “as equipas que vão elaborar estes programas começarão a trabalhar ainda este mês”.

“Estamos a fazer o necessário: agir, cumprindo o calendário previsto, mas resultados só a médio/longo prazo”, declarou o governante.

Acusado pelo deputado do PSD João Moura de “radicalismo ideológico” contra o eucalipto, o ministro João Matos Fernandes defendeu que “a floresta de produção não é sinónimo de eucalipto” e disse que a política dos sociais-democratas quando estiveram no Governo passou por “plantar eucaliptos de Melgaço a Vila Real de Santo António, sem esquecer as Berlengas”.

“Nunca ouvi ninguém a defender a plantação maciça de eucaliptos em monocultura, sem qualquer interrupção, criando de facto um pasto para fogos florestais num clima mediterrânico como vossa excelência fez agora”, apontou o governante, considerando a intervenção do deputado do PSD “absolutamente incendiária”.

“Nunca ninguém cumprirá em Portugal [essa proposta], mesmo quando no dia de são nunca à tarde os senhores [PSD] voltem a ser Governo”, acrescentou.

Questionado pela deputada do PS Ana Passos sobre o Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem das Serras de Monchique e Silves, João Matos Fernandes disse: “Silves apresentou três candidaturas a AGIP, Monchique apresentou zero, nenhuma. Isto é factual, não estou aqui a dizer bem, nem estou a dizer mal. Houve quem soube aproveitar a excelente oportunidade que foi criada e houve quem não soube”.

Sobre a possibilidade de acionar eventuais apoios na área florestal em consequência do incêndio ocorrido em Monchique no passado fim de semana, o ministro do Ambiente informou que se está já a trabalhar com o município para encontrar forma de combater a desertificação, através dos 10 milhões de euros disponíveis no REACT, “para no caso da madeira ardida que não foi cortada se poder substituir as plantações existentes, obviamente cortando a madeira ardida que ainda ali está presente”.

No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a floresta dispõe de um total de 615 milhões de euros, destacando-se como medidas, até 2025, a constituição de 60 AIGP, no valor de três milhões de euros cada uma, e a execução das respetivas 60 operações integradas de gestão da paisagem, com um investimento de cerca de 220 milhões de euros.

In SSM // ROC

Engenheiro fabrica aparelhos eletrónicos para atear incêndios

                     

PJ de Coimbra deteve suspeito e apreendeu artefactos que tinham temporizador destinado a retardar início das chamas até 11 dias. É suspeito, entre outros, do grande incêndio em Mação em 2017. Um engenheiro eletrotécnico, de 38 anos, foi detido esta segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ) pela suspeita de causar fogos florestais usando um engenho eletrónico, no distrito de Castelo Branco. O homem, que não apresentou qualquer explicação lógica, é esta terça-feira levado a um juiz na Sertã.

O homem foi detido no seguimento de quatro focos de incêndio registados no domingo nos concelhos da Sertã e Proença-a-Nova. "O engenho tem um temporizador programado pelo autor que fechava o circuito no tempo por si escolhido. Ao fechar o circuito provoca a ignição da matéria combustível envolvente. Os temporizadores podem ser programados até 11 dias, os de domingo estavam com programação de 48 horas", revela o coordenador de investigação criminal da PJ, Fernando Ramos.

O subdiretor da PJ do Centro, Válter Constantino, aponta que esta investigação já dura há dois anos e que o suspeito já estava referenciado pelas autoridades. "O suspeito é especialista na área, conhece bem a zona, sabe como progridem os incêndios, que se informa qual vai ser a temperatura, a humidade. Tudo isso era devidamente preparado por este homem", assegura, completando que o suspeito está "fortemente indiciado". Para além do grande incêndio de Mação, em julho de 2017, que destruiu cerca de 33 mil hectares de floresta, o homem é suspeito de ter ateado outros dois fogos, o ano passado, um em Oleiros, em julho, e outro em Proença-a-Nova, em setembro.

O diretor nacional adjunto da PJ, Carlos Farinha, destaca esta investigação, feita em conjunto com a GNR. "É um exemplo em como há inovação, tendo havido um trabalho muito importante da polícia científica. É uma investigação complexa, com meios de prova intrusivos, com ajuda dos laboratórios", terminou.

In Jornal de Noticias