quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Porta a porta contra os incêndios

O Serviço Municipal de Proteção Civil faz o levantamento de locais isolados para eventual evacuação em caso de incêndios e sensibiliza a população para limpar o mato à volta das casas.


A Proteção Civil de Silves, a GNR e os Sapadores Florestais são recebidos por um enorme cão que se encontra por trás de um portão fechado. A equipa anda a contactar a população isolada no meio rural e a fazer sensibilização para a prevenção dos incêndios florestais.
Da chaminé sai fumo e está gente em casa, por isso insistem mais uma vez. 

Nelson Correia, comandante operacional da Proteção Civil Municipal de Silves lembra que já não é a primeira vez que ali vão. A habitação está rodeada de mato e está longe de seguir a lei que exige a manutenção de uma faixa de limpeza de 50 metros à volta das casas. Além disso, fica situada numa zona de difícil acesso em que será complicada a evacuação dos habitantes em caso de incêndio.

Na serra de Silves há muitos idosos, alguns estrangeiros e casas em que os proprietários raramente aparecem. Ricardo Cabrita e André Folgado, Sapadores Florestais, andam todos os dias no terreno - quer a abrir faixas para retardar a progressão dos incêndios, quer a contactar a população para fazer antecipadamente a prevenção dos fogos. Para esta população, seguir os conselhos da Proteção Civil e GNR não é tarefa fácil. "Encontramos muitas pessoas idosas e, além disso, muitos têm reformas de 250/300 euros e não têm hipótese de fazer essa limpeza".

Noutro local, outro estrangeiro, um belga. Queixa-se do frio a que não está habituado em Portugal. Garante que tem limpado tudo. "Os pinheiros à volta da casa também vamos cortar porque é perigoso", afiança. Silves tem uma enorme área, é o sexto maior concelho do País, com aglomerados muito dispersos. Essa é uma das dificuldades apontadas pelo comandante Nelson Correia. "Em área florestal tem mais de 350 quilómetros quadrados, zona onde temos que fazer esta sensibilização".

A equipa segue viagem e mais à frente, no sítio do Zebro, nova paragem. O casal de moradores, Maria Virtuosa e Ramiro, estranham a data limite de 15 de março para limpar o mato. Então e a seguir, se o mato crescer até ao verão? O agente da GNR explica que depois terão que fazer a manutenção.

A equipa já vai de saída para seguir o seu percurso para mais uma ação de sensibilização. Os idosos, gente humilde mas generosa, ainda gostavam de oferecer aquecimento para o caminho. "Não querem um medronho?", pergunta Ramiro. Toda a equipa recusa. Ali todos estão em serviço e precisam de continuar caminho.

In TSF

Governo reitera que meta de 15 de março para limpar terrenos é para cumprir

O secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, afirmou o prazo de 15 de março para limpar terrenos na prevenção dos fogos florestais "é alcançável e para cumprir" e as contraordenações não serão perdoadas.

O governante falava em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, salientando que "é uma meta gigantesca, ciclópica, de muito trabalho", mas está ao alcance.

"Depende da nossa determinação, da capacidade de cada um em se consciencializar que os tempos que correm obrigam a essa determinação, é uma medida de emergência, foram muitos anos de displicência", defendeu.

Em causa está a obrigação de limpeza de 50 metros à volta das casas isoladas, 100 metros à volta das aldeias e 100 metros à volta dos polígonos industriais, com o Governo a estipular um prazo até 15 de março para esse trabalho ser feito.

"O que a severidade dos incêndios e as suas consequências têm trazido até nós obriga-nos a esta emergência e todos os proprietários, estejam eles onde estiverem, tem de se mobilizar para de facto executarem essa tarefa", vincou.

O secretário de Estado reiterou que "é uma obrigação dos proprietários e se não o fizerem as forças de segurança, que já estão no terreno a sensibilizar, vão naturalmente aplicar as contraordenações porque não são perdoadas".

Segundo disse, ao Governo têm chegado "imensos exemplos de que esse trabalho está a ser feito no terreno".

"Ainda hoje vi aqui um excelente exemplo com máquinas de rastro a fazer esse trabalho, com programas de sapadores e outras forças a fazer esse trabalho. Muitos municípios dão-me nota do trabalho que estão a fazer", afirmou.

O governante acrescentou que "é um esforço que compete, em primeiro lugar aos proprietários e a todos os autarcas, todas as estruturas de Proteção Civil regionais, que estão-se a mobilizar para esta causa".

Daí também, segundo o secretário de Estado, "a necessidade de se profissionalizar as estruturas de bombeiros em todos os concelhos" com equipas de prevenção permanente, constituídas por cinco elementos profissionais, como a que foi anunciada esta sexta-feira para a Macedo de Cavaleiros.

A nível nacional, existem "próximo de duzentas" equipas destas e é meta do Governo criar mais 40 em outros tantos concelhos este ano e dotar todos os municípios do país até 2020.

Questionado pelo ponto da situação do plano de intervenção para o Túnel do Marão, em Trás-os-Montes, na sequência de acidentes e dos inquéritos que apontaram falhas à segurança, o governante disse que "as coisas estão a correr e os presidentes de Câmara da região vão ter a comunicação e a informação no momento certo".

"Neste momento, o trabalho é da Autoridade da Proteção Civil e das Infraestruturas de Portugal", indicou.

In Jornal de Noticias