O presidente da câmara, Jorge Almeida, enaltece a disponibilidade dos proprietários para ceder os terrenos e cortar os eucaliptos: “A câmara assumiu-se imediatamente como parceiro. Não podia deixar cair esta vontade genuína das populações”.
“A câmara construiu o estradão e as infraestruturas de apoio necessárias para o primeiro combate e proteção das pessoas. A colaboração e envolvimento da população foi essencial para desbloquear as questões administrativas e burocráticas que se levantam quando estamos a falar numa zona de minifúndio”, concretiza Glória Costa, chefe de divisão da autarquia.
Glória Costa adianta que o gabinete municipal de apoio ao agricultor está também a apoiar a plantação de árvores de fruto onde foram arrancados eucaliptos, para que as pessoas possam obter algum rendimento.
Com o estradão, ligação entre depósitos, carretéis e mangueiras, o investimento municipal já vai nos 50 mil euros, valor que duplicará com a construção de um novo depósito de 500 mil litros, a somar capacidade ao de 100 mil litros já existente, para abastecer helicópteros.
Vítor Silva, da proteção civil municipal, descreve o dispositivo: “temos uma rede de combate de incêndios interna com cobertura total. Tem quatro bocas com mangueiras que chegam a toda a aldeia”.
“É um risco acrescido as pessoas fugirem, como ficou provado em 2017. A ideia do projeto é arranjar um local seguro, no centro da aldeia, em que o risco diminui e, com o apoio dos oficiais de segurança, procura-se saber quem está na aldeia, se falta alguém e que se concentrem atempadamente nesse ponto. Mesmo que tenha de ser planeada uma evacuação, escusamos de andar a bater a cada porta”, sublinha o comandante do Comando Distrital de Operações e Socorro (CDOS), António Ribeiro.
O abrigo escolhido é um inesperado Alojamento Local “perdido” na Serra e explorado por Adelaide Pereira, com piscina e jardim privado, resultado da recuperação de uma casa da família, a que não faltam clientes.
“Temos tido bastante ocupação na maioria de estrangeiros e já passaram por cá 13 nacionalidades. Eu recebo os clientes em Águeda e faço algum enquadramento. Depois trago-os até cá cima e têm à sua espera o nosso espumante e um bolo de boas vindas. Quando fazem a reserva, está descrito no portal que o AL é ponto de encontro da proteção civil, em caso deincêndio”, explica.
Pela lotação e condições, a casa foi escolhida para proteger as pessoas em caso de incêndio e é com naturalidade que Adelaide Pereira colabora: “sou daqui e gosto disto!”.
In Sapo24