sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Chamas aterrorizam três aldeias

As chamas atingiram grandes dimensões e ameaçaram habitações

Queria salvar as minhas coisas mas o fogo teve mais força. Tive de fugir", desabafou Maria Fernanda Amaral Santos, 64 anos, em frente ao edifício da Junta de Freguesia de Abrunhosa-a-Velha, em Mangualde, local para onde se dirigiram as pessoas retiradas das suas casas devido a um incêndio que cercou três aldeias, obrigou ao resgate de várias pessoas, destruiu barracões e culturas agrícolas e cortou a linha férrea da Beira Alta. O fogo de Mangualde foi ontem o que mobilizou mais meios – num dia em que até às 21h30 houve 249 incêndios.

Num deles, cinco bombeiros de Salvação Pública de Chaves ficaram feridos após o despiste de um veículo, quando iam combater um incêndio em Boticas.

Em Mangualde, a hora em que o incêndio deflagrou – às 03h55 – deixa "poucas dúvidas" de que teve "mão criminosa" até porque é raro o Verão em que as chamas não espalham a miséria naquela zona de Mangualde. "Isto é todos os anos a mesma coisa. Os incendiários não nos deixam em paz", referiu ao CM ao Júlio Mendes, presidente da Junta de Freguesia de Abrunhosa-a-Velha, salientando que há três anos consecutivos na serra da Pousada deflagram incêndios "com mão criminosa".

O autarca temeu pela população da sua freguesia e só descansou quando os residentes em casas dispersas pela floresta foram para o edifício da junta em segurança.

Durante a manhã o fogo desenvolveu--se numa zona de mato afastada das populações, mas a meio da tarde, quando os termómetros atingiram temperaturas a rondar os 40 graus, tudo se alterou para pior. A frente de fogo ganhou grandes proporções e viveram-se momentos de pânico.

As pessoas saíram das zonas rurais e concentraram-se no largo das aldeias. "É sempre a mesma coisa. Os incêndios não nos largam", diz revoltado Bruno Rodrigues, exausto "por combater tanto fogo". "Os bombeiros não podem estar em todo o lado. Primeiro têm de salvar as casas e só depois as culturas", afirmou Rosa Silva, que viu a sua casa ser ameaçada pela fúria das chamas. O fogo mais violento do dia foi finalmente dominado pelas 20h30.

In Correio da Manhã