quarta-feira, 25 de março de 2009

Alterações climáticas provocam mudanças na época de incêndios

Dois especialistas ouvidos pela TSF entendem que estamos perante uma mudança de paradigma relacionada com as alterações climáticas no que respeita aos incêndios florestais. Por este motivo, as autoridades devem equacionar uma outra forma de combater o problema.

Xavier Viegas, professor na Universidade de Coimbra, onde dirige o centro de estudos sobre incêndios florestais, diz que estamos a viver uma situação excepcional, que tende a repetir-se nos próximos anos.

« Infelizmente temos que nos habituar a esta mudança climática, à extensão da chamada época de incêndios, que vai ser cada vez maior. Há dias estive a olhar para as estatísticas e vi que numa semana se tinham registado mais de 1300 incêndios e em alguns dias mais de 300, o que são valores muito altos e típicos dos piores dias de Verão», salienta.

Xavier Viegas alerta ainda que o Verão pode ser muito complicado, tendo em conta o estado em que se encontra a floresta.

«Há muito vegetação no solo, que nos anos anteriores se foi formando e que ao não ser limpa, pode estar disponível para arder no Verão», explica.

Uma opinião que é partilhada por Filipe Duarte Santos, um dos maiores especialistas portugueses em alterações climáticas.

Filipe Duarte Santos põe em causa as medidas de prevenção e pensa que estão a revelar-se ineficazes, lembrando que este Inverno atípico vem dar razão aos alertas dos especialistas.

«É uma tendência que se irá agravar no futuro, temperaturas, ou seja, temperaturas médias mais elevadas, periodos sem precipação mais longos», explica.

Filipe Duarte Santos pensa «que estes fogos são extremanente preocupantes, porque revelam uma significativa ineficácia no que respeita à prevenção dos fogos florestais, o que está em causa são matas centenárias com grande valor do ponto de vista da diversidade biológica e patrimonial».

Com o clima em mudança, Filipe Duarte Santos defende que estão criadas as condições para termos incêndios cada vez mais cedo.

A pergunta que se coloca é se fará pois sentido antecipar o momento em que há um maior número de meios disponíveis, algo que só acontece com a chegada do Verão, tempo habitualmente mais quente.

TSF