quinta-feira, 20 de março de 2008

IC2 armadilhado com cruzamentos consecutivos

Em cada cem metros do IC2, no distrito, existe, em média, uma estrada ou caminho de acesso local. Para os automobilistas, o imprevisto surge a cada seis segundos de viagem.

As notícias diárias e as estatísticas mensais não deixam margem para dúvidas: o Itinerário Complementar 2 é uma autêntica armadilha, fatal para muitos automobilistas e passageiros das viaturas. Em cada ano que passa, duas a três dezenas de pessoas perdem a vida nos 83 quilómetros deste eixo rodoviário que separa a freguesia de Redinha, no limite Norte do concelho de Pombal, e a Benedita, a Sul, no concelho de Alcobaça.

Perante este trágico quadro de sinistralidade, o Governo Civil de Leiria encomendou um diagnóstico sobre as condições da estrada que dá conta da existência de 902 acessos locais e 294 viragens à esquerda (a exigir, em muitos casos, a paragem das viaturas no eixo da via). Para além da atenção permanente que os automobilistas têm de dispensar a tudo o que mexe na faixa de rodagem e nas suas bermas, existem ainda 5296 sinais verticais, o que significa um sinal de trânsito de 30 em 30 metros em cada um dos sentidos.


O estudo de caracterização das condições de sinalização e segurança do IC2 no troço do distrito de Leiria foi elaborado pelo Instituto politécnico de Leiria (IPL) detectou ainda muitos quilómetros em que a largura das bermas não atingia sequer meio metro, factor que ainda reduz mais a segurança de circulação automóvel e de peões. Segundo o governo civil “o resultado deste trabalho permite-nos identificar um conjunto de troços onde se devem dar intervenções de melhoria e regularização com carácter de urgência”.

O representante do Governo no distrito anunciou que foi, entretanto, solicitado a “um conjunto de entidades regionais com responsabilidade e conhecimento desta via que fornecessem ao Governo Civil elementos que possibilitem uma intervenção urgente para minorar os seus elementos mais gravosos”.

A mais longo prazo, o Governo prevê investir cerca de 200 milhões de euros na requalificação da via, mais a empreitada será levada a cabo pelas Estradas de Portugal(EP) de forma faseada, atendendo a que a solução passará por alterar o traçado. Sem um calendário de obras, apenas está garantido que vai arrancar em breve a primeira fase correspondente à construção da variante da Batalha, uma dezena de quilómetros a Sul de Leiria.

Perante tantas indefinições, as câmaras municipais de Pombal e Leiria anunciaram que pretendem custear em conjunto um projecto de execução de um nó de ligação entre o IC2 e a Auto-estrada do Norte, entre as zonas do Barracão e Meirinhas, na fronteira dos dois concelhos. Seria uma solução para desviar parte do tráfego, especialmente de pesados, que circula nos troços urbanos do IC2 de ambas as cidades.

O presidente da Câmara de Pombal, Narciso Mota, natural da freguesia das Meirinhas, revelou que já viu morrer nesta estrada vários amigos e conhecidos, entre eles cinco primos, vítimas de diversos acidentes ao longo dos últimos anos.

Diário As Beiras