Comandante Lopes dedicou crachá a bombeiros falecidos
«Quero dedicar este crachá à minha família e aos dois homens que perderam a vida no último teatro de operações onde estive: ao Paulo, da Pampilhosa da Serra, e ao Franquelim, da Lousã».
No dia em que recebeu o crachá de ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), João Luís Bernardo Lopes, actual comandante do Quadro de Honra dos Bombeiros Municipais da Lousã, não esqueceu de prestar homenagem a dois companheiros falecidos no combate às chamas.
Com 35 anos de serviço e relevantes serviços prestados à comunidade, João Lopes disse ir «sempre pensar neles», desejando que «sintam o mesmo orgulho onde quer que estejam». Visivelmente emocionado, sublinhou «a importância e o respeito» que é preciso ter pelo símbolo que tinha ao peito, razão pela qual, acrescentou, «todos os que seguiram a vida de bombeiro devem, depois de fazer 35 anos de serviço, sentir o crachá».
Duarte Caldeira, presidente da LBP, afirmou que «as pessoas são o bem mais importante que cada um de nós tem», realçando, de seguida, a vontade de «reforçar a força dos bombeiros», de forma a «combater os maus momentos e as adversidades». «Olho para si e vejo todos os valores em que acredito e fazem dos bombeiros portugueses uma força ainda não entendida por todos», lançou o recado, para terminar dizendo ter «orgulho por ter homens, cidadãos e bombeiros» como João Lopes.
Jaime Soares, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, disse estar a participar num «acto de grande valor», reconhecendo estar perante «um dos maiores e melhores comandantes».
A pedido do comandante João Lopes, a homenagem decorreu em Coimbra, razão pela qual Jaime Soares pediu para não se pensar «em desaguisados ou chatices». Antes de terminar, falou de um «homem sempre disponível», sublinhando tratar-se de um acto de «justiça» a entrega do crachá de ouro.
O governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, falou em «dia bonito e nobre», referindo-se ao comandante João Lopes como «o que há de melhor em cada um de nós». «Teve a capacidade de se dedicar a uma causa», acrescentou, ainda antes de dizer tratar-se de um «símbolo». «Apesar de todas as decisões politicas que possam ser tomadas, a protecção e o socorro não pode passar sem os bombeiros, uma vez que são o que de bom há na nossa sociedade».
A cerimónia teve guarda de honra e contou com a presença de muitos familiares, amigos, bombeiros e elementos dos comandos e direcções de todas as corporações de bombeiros do distrito de Coimbra. Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lousã, também esteve presente, tal como aconteceu com António Ferreira Martins, comandante operacional distrital de Coimbra do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil.
Diário de Coimbra
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