quinta-feira, 19 de julho de 2012

“O inferno desceu ao Funchal”. Decretado estado de catástrofe

Desconhece-se ainda o número de desalojados. Ao início do dia, “muita gente olhava para o infinito”, esperançosa de poder voltar a casa. População fala em mão criminosa.

A situação está mais calma na Madeira, mas o cenário é desolador. Foi decretado o estado de catástrofe e accionado o plano de emergência. Cerca de 100 pessoas passaram a noite fora de casa. 

“O inferno desceu ao Funchal e a noite foi de pânico até por volta das 2h00, altura em que o vento permitiu serenar a alma dos madeirenses”, conta à Renascença o jornalista Filipe Sousa, do “Diário de Notícias da Madeira”. 

Não há, para já, notícia de vítimas nem se sabe quantos serão os desalojados ou qual o número de edifícios destruídos, mas a Cáritas está no terreno a coordenar as operações para receber quem foi obrigado a abandonar a sua casa. Cerca de 100 pessoas passaram a noite fora de casa. 

“Por volta das 5h00, muita gente, na berma das estradas, olhava para o infinito, esperando poder voltar às casas”, relata Filipe Sousa. 

Não há, para já, notícia de vítimas mortais, “mas, na azáfama da noite, ouvia-se populares dizer que pessoas tinham ficado presas em casa, com fogo à volta”. Tal não se confirmou até ao momento. 
As origens deste e dos outros fogos que assolam a ilha da Madeira são ainda desconhecidas, mas “fala-se em mão criminosa”. 

“Todas as pessoas que viveram o drama” estranham a maneira “como o fogo se propagou num ápice”, apesar do vento. “Até porque não é só o Funchal que foi vitimado por este fogo, há outras zonas da ilha – caso da Calheta, Ponta do Pargo e Ribeira Brava, que também foram bastante afectadas pela origem desconhecida de fogos, que não dão para perceber a dimensão da tragédia que se vive aqui”, conta o jornalista. 

Esta quinta-feira de manhã segue para o Funchal um reforço de 83 homens para ajudar no combate aos incêndios que assolam a ilha da Madeira. O C130 da Força Aérea tem partida marcada para as 8h30, do Montijo. 

Quanto ao tempo, o Instituto de Meteorologia prevê que a temperatura se mantenha alta, na casa dos 30 graus. O arquipélago está, aliás, sob aviso amarelo – aviso que se vai manter até às 22h00 de sexta-feira. 

O dia de hoje vai ser de céu pouco nublado ou limpo, aumentando de nebulosidade nas vertentes norte a partir do final da tarde.

In "Rádio Renascença"