quarta-feira, 12 de março de 2008

Negociações entre INEM e bombeiros retomadas

Trabalho ficou suspenso com mudança na tutela e substituição no instituto

As negociações entre o INEM e os bombeiros para definir as regras do socorro pré-hospitalar serão retomadas em breve. Depois de um mês e meio de suspensão, devido à mudança da tutela da saúde e da substituição do presidente do instituto, à mesma mesa vão voltar a sentar-se a Liga dos Bombeiros, o INEM e a Autoridade Nacional de Protecção Civil.

Na agenda de trabalho estará a definição de uma Rede Nacional de Ambulâncias, proposta que o INEM ficou de apresentar no final do mês passado mas cujo atraso se deve à mudança de presidência. Na sequência dos casos de descoordenação do socorro que foram tornados públicos nos últimos três meses e que puseram em causa a articulação entre o INEM e os bombeiros, entidades do Ministério da Saúde e da Administração Interna reuniram-se de emergência no final de Janeiro. Dessa reunião saiu a necessidade de criar uma rede nacional de ambulâncias e de melhorar a comunicação entre os vários intervenientes no sistema.

Com a saída do ministro da Saúde, Correia de Campos, e com a substituição do presidente do INEM, Cunha Ribeiro, há um mês, as negociações ficaram suspensas. Mas a minis- tra Ana Jorge já deu indicações ao novo presidente do INEM, Abílio Gomes, para prosseguir o trabalho de reformulação do sector da emergência pré-hospitalar. É para dar seguimento a esta indicação da tutela que as entidades reunirão nos próximos dias, segundo apurou o DN.

Mais falhas no sistema?

Nos últimos dias foram conhecidos mais três casos de doentes que foram assistidos tardiamente e cujo atraso os familiares atribuem a uma descoordenação dos meios de socorro. Dois casos ocorreram em Samora Correia e o último aconteceu no domingo em Lisboa.

Vítor Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência, diz que o problema não é de agora e que não estamos na presença de mais falhas da emergência. "Houve sempre situações destas. O problema é estrutural, havendo agora apenas uma atenção mediática diferente." E para resolvê-lo serão necessários vários anos, acrescenta, consciente de que a reforma não se faz de um dia para o outro.

A opinião é partilhada por Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros. "Duvido que estejamos na presença de mais casos. A solidez do conhecimento da opinião pública é que torna visíveis as vulnerabilidades do sistema", afirmou ao DN. Duarte Caldeira considera ainda que situações como as de Alijó ou Bragança ilustram o que considera serem alguns "mitos instalados", como por exemplo, o de que o INEM cobre todo o território ou o de que há viaturas médicas de emergência e reanimação disponíveis em todo o país.

O INEM reconhece que é impossível evitar falhas quando se recebe mais de um milhão e meio de chamadas por ano e nega que haja uma situação anormal actualmente. Mas volta a frisar que "os casos negativos noticiados não reflectem a prática do dia a dia". Fonte oficial do instituto disse ainda ao DN que as fragilidades estão identificadas e vão ser trabalhadas no futuro.

Diário de Notícias Online