sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bebé morre à porta de hospital

Uma criança de dois meses morreu hoje no acesso ao Hospital de Anadia, dentro da ambulância do INEM, levando o movimento de utentes local a falar em desencontro das viaturas de socorro, o que foi refutado pelo INEM.

"A ambulância do INEM não tinha pessoal especializado e teve de esperar pela viatura de emergência médica, havendo um desencontro entre as viaturas", afirmou José Paixão, do movimento "Utentes para a Saúde", que tem promovido os protestos contra o encerramento da urgência em Anadia.

Contactado, Pedro Santos, do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), negou que tenha havido qualquer desencontro entre a ambulância do INEM colocada na Anadia e a viatura de emergência médica e esclareceu que "foram os pais que se dirigiram para o Hospital de Anadia, onde a criança não foi assistida porque não tem urgência".

As explicações do INEM

"Quando os pais ligaram para o 112 já estavam a caminho. De acordo com o que descreveram, depararam com o bebé, de dois meses, roxo e sem respirar, quando o foram buscar à cama e no decurso da chamada telefónica foram accionadas a ambulância do INEM e a viatura de emergência médica", esclarece Pedro Santos.

De acordo com o porta-voz do INEM, a ambulância regressava de Coimbra, para onde havia transportado um doente, e estava a três minutos do local, pelo que se encontrou com o carro dos pais do bebé no parque de estacionamento do Hospital de Anadia, sendo a criança passada para a ambulância e iniciadas imediatamente as manobras de reanimação, sendo assistida por uma equipa de quatro elementos.

Quanto à viatura de emergência médica, partiu do Hospital dos Covões naquela direcção e, passados 15 minutos, estava no local, acrescentou Pedro Santos.

"Estiveram cerca de 40 minutos em manobras de reanimação, com suporte avançado de vida e ainda assim transportaram o bebé para o Hospital Pediátrico de Coimbra, mas infelizmente já não foi possível salvá-lo", disse.

O porta-voz do INEM lamenta o sucedido, mas considera que "a emergência médica funcionou com os meios adequados e no momento certo".

O testemunho do presidente da Junta de Freguesia da Anadia

Fernando Pina, presidente da Junta de Freguesia de Anadia, disse que estava no local, por volta das 9h00, e presenciou os acontecimentos.

"O que vi foi a ambulância do INEM parada no acesso ao Hospital e um carro da emergência médica que veio de Coimbra para prestar assistência".

Segundo Fernando Pina, as viaturas juntaram-se nas imediações do Hospital de Anadia, "que teria outras condições, mas não deixaram a criança entrar e esteve quase meia hora a ser assistida na ambulância".

"Vi os médicos e enfermeiros do Hospital de Anadia a assistirem das janelas, impotentes, ao que se passava, e na ambulância os profissionais fizeram o que puderam no meio da estrada, mas não conseguiram resolver a situação", descreveu à Lusa Fernando Pina.

A morte de dois bebés em menos de 24 horas

Este é o segundo caso em menos de 24 horas de um bebé que morre numa ambulância, a caminho do hospital.

Na quinta-feira, uma menina com cerca de três meses de idade chegou cadáver ao Hospital de S. Teotónio, em Viseu, após ter sido transportada do Centro de Saúde de Carregal do Sal, numa ambulância dos Bombeiros de Cabanas de Viriato, ao colo da mãe.

Lusa