Bombeiros recusam homenagem nacional
A Federação de Coimbra entende que, em nome da dignidade, não deve marcar presença na homenagem nacional, sábado em Lisboa. Os bombeiros «não são majoretes» que desfilam em parada para «receber medalhas», afirma Jaime Soares.
O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil está a preparar uma homenagem ao dispositivo dos fogos florestais de 2006, a realizar sábado em Lisboa. Mas várias federações distritais já se demarcaram desta cerimónia. Essa é, também, a posição de princípio assumida pela direcção da Federação Distrital dos Bombeiros de Coimbra. Todavia, de acordo com Jaime Marta Soares, «as associações de bombeiros são livres e soberanas e a decisão pertence-lhes». O assunto vai, de resto, ser debatido numa reunião marcada para hoje à noite, mas o presidente da direcção da Federação Distrital está desde já convencido que «a maioria não vai estar presente».
E são várias as razões apresentadas para esta tomada de posição. Cáustico, como é seu hábito, Jaime Soares afirma que «não podemos andar a ser secundarizados durante o ano, assistirmos à criação de uma super-estrutura, com comandantes operacionais municipais, porque os voluntários não são capazes e, depois, o senhor ministro pensa que nos chama a Lisboa e tudo se resolve».
Em nome da dignidade de todos os “soldados da paz”e particularmente dos bombeiros do distrito de Coimbra, o também comandante dos Voluntários de Vila Nova de Poiares considera esta postura incorrecta. «E indigno para os bombeiros», afirma, sublinhando que «arranjar um saco de medalhas para colocar aos bombeiros, como se de majoretes se tratasse é uma barbárie».
«Não nos devemos submeter a tal despropósito», acrescenta o presidente da direcção da federação, sustentando que «defendemos os nossos valores e as nossas causas, não andamos à caça de medalhas». Jaime Soares diz mesmo que os corpos de bombeiros cumprem a sua obrigação e vocação, ou seja, fazer tudo por tudo para defender as populações em quaisquer circunstâncias, cumprindo o lema que os orienta: “Vida por Vida”. «Não temos de andar em paradas que, muitas vezes, são para capear situações que não podemos deixar passar em branco. E esta é uma delas», remata.
Diário de Coimbra
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