segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O pior verão dos últimos anos: incêndios fora do controlo, falta de meios e "má gestão"

Mais de 172 mil hectares já arderam em 2025, número que ultrapassa toda a área destruída em 2024. Governo prolonga estado de alerta depois de um bombeiro morrer na Covilhã.

Portugal atravessa um dos momentos mais críticos deste verão de incêndios. O fogo que começou na madrugada de quarta-feira no Piódão, Arganil, mantém-se fora de controlo e já chegou aos concelhos da Covilhã e do Fundão, colocando em risco várias freguesias, escreve. o Diário de Notícias . Em paralelo, no Norte, o concelho de Tarouca vive horas de tensão, com frentes de chamas a aproximarem-se de zonas habitacionais.

De acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), este ano já arderam mais de 172 mil hectares, valor superior ao registado em todo o ano de 2024 (136 mil hectares). Só no último fim de semana, desapareceram quase 33 mil hectares de floresta e terrenos agrícolas. É a segunda pior época desde 2017, ano dos grandes incêndios de Pedrógão Grande.

Face à gravidade da situação, o Governo prolongou até terça-feira, 19 de agosto, o estado de alerta em todo o país. A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, explicou que os ventos fortes e instáveis impedem a atuação eficaz dos meios aéreos.

Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e conta já com o apoio internacional. Marrocos prolongou a presença de dois aviões Canadair até quarta-feira, enquanto reforços aéreos vindos da Suécia deverão começar a operar nas próximas horas.

Covilhã e Fundão: fogo imparável

A Câmara da Covilhã lançou hoje um novo alerta à população, pedindo que se mantenha em locais seguros. Segundo a autarquia, “o incêndio está fora de controlo, com frentes em Erada e São Jorge da Beira, evoluindo com grande violência”. O município admite que os meios disponíveis “são insuficientes” e que a prioridade absoluta é proteger vidas e habitações.

O combate às chamas ficou marcado pela morte de um bombeiro da corporação da Covilhã, após a viatura em que seguia cair numa ribanceira a caminho do incêndio na localidade de Quinta do Campo, Fundão. Outros quatro ficaram feridos, um deles em estado grave.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a “trágica morte” do operacional, lembrando a dedicação “sem limites de tempo e de espaço” dos bombeiros portugueses.

Em nome do Governo, o Ministério da Administração Interna dirigiu as condolências "à família, aos amigos, à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Covilhã e a todos os bombeiros", em comunicado.

Tarouca em estado crítico

No distrito de Viseu, o fogo em Tarouca intensificou-se ao longo do dia, ameaçando várias povoações. Ventos fortes e altas temperaturas dificultam o trabalho dos bombeiros e têm levado a sucessivas reativações. Autoridades locais já admitem “grande preocupação” pela proximidade das chamas a zonas residenciais e agrícolas.

Na Pampilhosa da Serra, as aldeias de Meãs e Aradas estão em perigo, com moradores a resistirem à evacuação para ajudar os bombeiros. Também no Sabugal, quatro aviões Canadair evitaram que uma aldeia cercada fosse destruída. A destruição é geral e obriga muitas pessoas a duvidar do futuro.

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, apelou ao primeiro-ministro Luís Montenegro para que convoque “com urgência” a Comissão Nacional de Proteção Civil, defendendo maior coordenação política no combate aos fogos.

André Ventura, líder do Chega, criticou a gestão do Governo nos incêndios e pediu a demissão da Administração Interna, por não estar no terreno.

In 24 Noticias