Arganil: Família de aldeia de Feijoeira enfrentou chamas com bidons de água
“Se tivéssemos saído, tinha ardido tudo e assim
conseguimos salvar a casa e os animais – 15 cabras, 10 coelhos, quatro cães da
Serra da Estrela, duas viaturas e uma moto-quatro”, enfatizou Rita Lopes

Três pessoas de uma aldeia do concelho de Arganil
enfrentaram hoje as chamas na Serra do Açor apenas com recurso a bidons de água
depois de se verem impossibilitadas de sair de casa para um local seguro.
O fogo que eclodiu na madrugada de hoje na freguesia de
Piódão, na Serra do Açor, chegou com rapidez e intensidade à povoação de
Feijoeira e quando a família de Rita Lopes foi avisada para abandonar a
habitação já era tarde.
“Não tivemos outro remédio se não ficar e defender a casa
e os animais”, disse à agência Lusa Rita Lopes, de 20 anos, que
juntamente com a mãe e um tio enfrentaram as chamas com valentia.
O pai, distribuidor de pão, já tinha saído de casa e não
conseguiu regressar por ter ficado retido no fogo.
Uma mangueira e baldes de água retirados de vários bidons
que a família já tem cheios para este tipo de situações ajudaram estas três
pessoas a evitar que a habitação fosse consumida pelo fogo.
“Se tivéssemos saído, tinha ardido tudo e assim conseguimos
salvar a casa e os animais – 15 cabras, 10 coelhos, quatro cães da Serra da
Estrela, duas viaturas e uma moto-quatro”, enfatizou Rita Lopes.
As chamas não deram descanso e, apesar da coragem desta
família, verificou-se a destruição de uns palheiros, um automóvel e uma
motorizada, relatou.
Entretanto para acolher as pessoas que foram retiradas de
casa, o município de Argani (distrito de Coimbra) instalou dois centros de
acolhimento, um em Coja e outro na Cerdeira.
“Instalámos nas casas do povo de Coja e de Cerdeira e Moura
da Serra dois centros de acolhimento com capacidade para uma centena de
pessoas, que pode ser aumentado em caso de necessidade”, disse à agência Lusa a
vereadora Elisabete Oliveira.
Ao início da noite, o pavilhão polivalente da Casa do Povo
de Coja já acolhia 55 pessoas das localidades de Porto Silvado e Sobral Gordo,
da freguesia de Pomares, na esmagadora maioria idosos e crianças.
Segundo Elisabete Oliveira, este centro de acolhimento,
gerido em articulação com a Cruz Vermelha, tem capacidade para 80 pessoas.
“A Proteção Civil ainda não sabe como vai evoluir o
incêndio, pelo que estas pessoas vão pernoitar em Coja e na quinta-feira será
feita nova avaliação”, disse a autarca, salientando que as aldeias serranas têm
mais pessoas nesta altura do ano por causa das festas populares.
O fornecimento de refeições e de água é assegurado pelo
Centro Social e Paroquial de Coja.
“Vim para aqui porque tenho problemas de mobilidade. A filha
e dois netos ficaram na aldeia de Sobral Gordo e assim ficaram lá mais
descansados”, salientou à agência Lusa Manuel Lopes, de 75 anos, residente em
Almada, mas que estava de férias naquela aldeia da Serra do Açor.
A Casa do Povo da Cerdeira e Moura da Serra também está
preparada para acolher 25 pessoas que sejam retiradas das suas aldeias, embora
cerca das 20:00 ainda não tivesse recebido ninguém.
Nesta operação, o município envolveu seis técnicos e conta
com a colaboração da Cruz Vermelha e das instituições particulares de
solidariedade social (IPSS) locais.
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