Vila Real pede que "aqueles que têm poder" para acabar com os incêndios o façam. Montenegro já respondeu
A situação já esteve calma e um avião que sobrevoou o terreno até verificou que o terreno estava "estabilizado". Depois veio o pior.
Ana Silva mudou-se há um ano para Paredes, no meio da serra do Alvão, e não estava preparada para o pior do verão. Os incêndios, claro, que há vários dias destroem a paisagem em Vila Real, onde a grande preocupação, além de proteger as habitações, é salvar os animais.
Coelhos, galinhas, cabras, o que for, mas sempre com olho no principal.
“Eles fazem o que podem, mas a prioridade são as casas. Estou muito preocupada, logo isto no primeiro ano em que estou aqui a morar. Foi uma tarde de sobressalto”, afirmou Ana Silva em declarações à agência Lusa.
De Paredes, o incêndio que começou a 2 de agosto progride para Benagouro e Vilarinho da Samardã.
É um dos três incêndios considerados como preocupantes pela Proteção Civil, que tem em marcha manobras para combater um total de 61 fogos em território nacional, com mais de 1.800 operacionais a serem apoiados por cerca de 500 meios terrestres e quase 130 missões aéreas.
Para lá do Alvão, nomeadamente em relação à situação em Sirarelhos, preocupam Tabuaço, em Viseu, e Trancoso, na Guarda.
Os três maiores incêndios mobilizavam esta tarde 1.253 operacionais. O comandante da Proteção Civil, Mário Silvestre, insistiu no incêndio de Sirarelhos, que já esteve em resolução por três vezes e que teve reativações, algumas que “levantam preocupações”, por serem “estranhas”, tendo em conta a meteorologia e a intensidade de calor.
Na segunda-feira, quando o incêndio estava em resolução, às 07:00 um avião sobrevoou o local, fez imagens térmicas e “o incêndio estava estabilizado, sem pontos quentes”. Agora trabalha-se para se entender o que está a levar às reativações.
À memória dos habitantes de Paredes vêm outros incêndios que aqui bateram, em 2005, em 2017, em 2022 e, agora, outra vez em 2025.
“Está a arder o pulmão da aldeia que é a floresta de Paredes. Esta parte ardeu em 2005, ficou horrível, já estava outra vez bonito e, agora, de novo, tudo a arder”, frisou Marcelo Escaleira, emigrante em França que assumiu ter medo perante as chamas.
Repetindo um aviso já feito na semana passada, o presidente da Câmara Municipal de Vila Real apelou a um reforço de meios para combater o incêndio que há 11 dias consome a zona.
“Os homens estão mesmo muito cansados, tendo em conta a dimensão deste incêndio (…). Aqueles que podem pôr cobro a esta situação, por favor, que nos ajudem. Eu não sei o que posso fazer neste momento, mais que não seja fazer este apelo: que realmente coloquem pessoas no terreno, que refresquem estes operacionais”, disse o autarca, que até já chegou a criticar diretamente o Governo.
Fazendo um balanço da situação no terreno, Alexandre Favaios explicou que o fogo já atingiu 25 aldeias e percorreu 12 quilómetros, entre Mascoselo e Paredes, dos quais quatro quilómetros foram só esta segunda-feira, e sublinhou que esta tarde registaram-se duas novas ignições na zona de La Salette, em Vila Cova.
“Estamos em situação de alerta. A responsabilidade é clara. Há um decreto que diz que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil tem autonomia para mobilizar todos os meios ao seu alcance para os colocar no terreno. É isso que nós pedimos. Tão só e simplesmente isso”, referiu.
O autarca disse que, até ao momento, ainda não falou com o primeiro-ministro ou a ministra da Administração Interna, esclarecendo que os contactos têm sido feitos pelo secretário de Estado, “informando da mobilização adicional de alguns meios” que apenas têm contribuído para mitigar algumas situações.
Insistiu ainda para que “aqueles que têm poder, têm capacidade para terminar com este flagelo, com esta ansiedade, com esta angústia, o façam”.
Questionado pelos jornalistas sobre as críticas do presidente da Câmara Municipal de Vila Real sobre o combate ao incêndio que deflagrou em 2 de agosto em Sirarelhos, o primeiro-ministro respondeu que existe um dispositivo de 15 mil operacionais e que todos os meios estão em prontidão.
“Nós compreendemos que aqueles que têm sido confrontados com este drama possam às vezes ter manifestações de indignação, é normal, mas a verdade é que todos nós estamos a dar o máximo, todos nós queremos e vamos continuar a dar o máximo”, disse Luís Montenegro, acrescentando que o Governo está concentrado em diminuir riscos e em encontrar melhores respostas.
Confrontado com as críticas, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração de um conjunto habitacional em Faro, Luís Montenegro acrescentou: “Nós estamos a dar tudo aquilo que temos para dar, estamos a fazer um esforço enorme e vamos continuar a fazer”, referiu.
“Todos nós temos um espírito de unidade e solidariedade neste momento para podermos evitar perdas, para podermos diminuir o impacto negativo de um fenómeno que infelizmente não conseguimos travar, apesar de todo o esforço que temos vindo a fazer”, concluiu.
O Governo alargou a situação de alerta por um período de 48 horas, até às 23:59 de sexta-feira, em função da previsão meteorológica de tempo quente e seco. Portugal mantém-se em alerta máximo por causa dos incêndios.
In TVI
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