terça-feira, 4 de setembro de 2012

«Bombeiros não são super-homens»

Incêndio em Ourém [LUSA]
Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais diz que profissionais chegam a trabalhar «36 horas consecutivas»

O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) criticou esta segunda-feira a estratégia de combate aos incêndios florestais, afirmando que a «primeira intervenção continua a ser deficiente». Fernando Curto disse ainda que os bombeiros «não são super-homens», mas «chegam a trabalhar 36 horas consecutivas».

Este ano «está a repetir-se» o que ocorreu em 2003 e 2005, anos em que foram batidos recordes de área ardida, acusou Fernando Curto em declarações aos jornalistas no intervalo de uma reunião de dirigentes da associação a que preside.

«Continuamos a ter incêndios que duram muito tempo», devido á intervenção de poucos bombeiros no início, embora depois acorram «700 ou 800» nas horas seguintes, quando o fogo já é difícil de controlar, considerou.

«É grave e lamentável», apontou, salientando que a situação ocorre porque se ignoram os relatórios feitos pelas diversas entidades onde são apontados os erros que levaram a que naqueles anos ardessem quase 426 mil hectares (2003) e 339 mil (2005).

Nos cinco anos seguintes a área ardida baixou consideravelmente e situou-se sempre abaixo dos 100 mil hectares, com exceção de 2010, quando atingiu os 133 mil.
Fernando Curto considera que a responsabilidade deve-se ainda a outros fatores, entre eles a falta de formação dos bombeiros voluntários e as deficientes condições em que trabalham.

«Os bombeiros não são super-homens» mas chegam a trabalhar «36 horas consecutivas», o que «nem um robô consegue fazer porque precisa de manutenção», afirmou.

Criticou a falta de condições logísticas para que os bombeiros possam descansar e exemplificou o desgaste a que estão sujeitos, referindo os casos em que fazem longas viagens a conduzir as viaturas e vão diretamente para os locais de incêndios, embora já cheguem exaustos.

Em relação à formação, acusou a Escola Nacional de Bombeiros de «não preparar os comandantes, as chefias e os bombeiros [voluntários] para este tipo de incêndios».

Na sua opinião, a coordenação de combate aos incêndios florestais deve ser feita por bombeiros profissionais e não pelas estruturas das associações humanitárias de voluntários, embora tenha elogiado o trabalho destes elementos.

«É preciso modernizar. Se não, vamos estar aqui para o ano a dizer as mesmas coisas.

TVI 24