segunda-feira, 23 de julho de 2012

Comandante: Era 'impossível' chegar a tempo a todos os fogos

O comandante nacional da Protecção Civil, Vítor Vaz Pinto, disse hoje em Faro que seria «impossível» os bombeiros chegarem em tempo útil a todos os locais onde lavrava o incêndio que consumiu parte da serra algarvia.

Aquele responsável esclareceu que só estava a prestar declarações aos jornalistas devido à divulgação de parte de declarações suas na imprensa, proferidas no domingo na RTP, em que terá admitido falhas na coordenação daquela operação. Segundo Vaz Pinto, seria impossível que os bombeiros chegassem a todos os pontos em tempo útil, dada a dimensão do incêndio, que deflagrou na quarta-feira em Cachopo, Tavira, e só foi dominado ao quarto dia, no sábado.

Contudo, apesar de entender que os meios accionados foram sempre os «adequados e ajustados a cada momento», e a operação conduzida de «forma eficiente», ressalvou que «há sempre lições a retirar». Relativamente às falhas na coordenação das operações apontadas pelos autarcas dos concelhos envolvidos, São Brás de Alportel e Tavira, o comandante nacional disse desconhecer a que coordenação se estavam a referir.

«Não sei a coordenação a que se referem. Houve coordenação operacional e coordenação institucional, tal como houve comando adequado ao desenrolar de toda a situação», referiu.
Sublinhando não ter memória de ter envolvidos tantos operacionais numa situação como esta, Vaz Pinto lembrou ainda que sustentar logisticamente uma operação desta envergadura «não é fácil», referindo-se ao facto de terem estado no terreno mais de 1100 operacionais, mais de 200 veículos e 13 meios aéreos.

Vaz Pinto é também o anterior comandante distrital de operações de socorro de Faro, distrito aonde chegou em 2004, exactamente no ano em que a mesma parte da serra algarvia foi fustigada por um grande incêndio.

O comandante nacional chegou a fazer uma estimativa, em que previa que na quinta-feira à tarde os bombeiros iriam conseguir travar o incêndio, mas tal só aconteceu dois dias depois.
Vaz Pinto relatou que um técnico florestal com quem falou lhe dizia que em cerca de duas horas o incêndio consumiu 7.000 hectares, algo a que confessou nunca ter assistido. «Tratou-se de um fenómeno que não é comum», embora aquela zona - a serra do Caldeirão – tenha características específicas que favorecem a propagação de incêndios.
Vaz Pinto acrescentou apenas que mantém a confiança no dispositivo operacional.

Lusa / Sol