Fase “Charlie” de combate a incêndios: uma fase crítica em vários sentidos
A fase “Charlie”, que hoje entra em vigor, abrange os três meses de Verão e, por isso, mais recursos. Mas este ano há restrições orçamentais. No Gerês, entra em vigor um plano inovador.
Tem hoje início a fase “Charlie” de combate aos incêndios florestais, aquela que cruza os três meses de Verão e que, por isso, é a mais crítica. Este ano, uma conjugação de factores torna este período ainda mais delicado. Do ponto de vista orçamental, o dispositivo sofreu um corte de 11,5 milhões de euros – que se reflecte na redução de 56 para 41 meios aéreos e menos 700 elementos na prevenção e combate. Este ano está, assim, prevista a mobilização de 9.200 elementos de quase uma dezena de entidades, apoiados por duas mil viaturas, 41 meios aéreos e 237 postos de vigia.
Na fase “Bravo”, que teve início a 15 de Maio e terminou ontem, foram registados 3.849 fogos, de acordo com dados da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
Do ponto de vista do comando operacional, o comandante dos últimos oito anos, Gil Martins, demitiu-se depois de ter estado três meses suspenso, a braços com um inquérito disciplinar. E na vertente política, não só o novo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, tem apenas 15 dias de mandato, como, pura e simplesmente, desapareceu da nova estrutura de Governo o cargo de secretário de Estado da protecção Civil.
A estes factores junta-se a intenção do novo Executivo de introduzir alterações profundas na Protecção Civil, que a podem levar para a tutela do Ministério da Defesa. Talvez por tudo isto, a primeira visita que o ministro Miguel Macedo fez foi à sede da Protecção Civil e para dizer que, até ao final do ano, não haverá qualquer tipo de modificação: “Em tempo de guerra não se limpam armas”, afirmou.
Importante é também referir, neste início da fase mais crítica de combate aos incêndios, o facto de as florestas apresentarem condições de risco elevado. Nos últimos meses, houve, ao mesmo tempo, chuva e calor suficientes para que a vegetação esteja grande e seca, propícia a que a fase inicial dos incêndios seja mais intensa, rápida e difícil de combater.
A fase “Charlie” dura até 30 de Setembro e vai contar com a totalidade dos meios humanos e materiais que foi possível garantir.
Plano operacional conjunto para o Gerês
No dia em que começa a fase “Charlie” do combate aos incêndios florestais entra também em vigor o Plano Operacional Conjunto para o Parque Natural da Peneda-Gerês. É a primeira vez que é accionado um plano com estas características para aquele que é o único Parque Natural do país que abrange três distritos – Braga, Viana do Castelo, e Vila Real. Neste plano, que envolve diversas entidades coordenadas entre si, a prioridade vai para a prevenção de incêndios em duas zonas: a Mata do Ramiscal (no concelho de Arco de Valdevez) e a Mata de Albergaria (no concelho de Terras de Bouro). O modelo, inspirado no Plano de Coordenação que todos os Invernos é aplicado na Serra da Estrela, tem como objectivo reduzir os efeitos do fogo naquele Parque, onde, só o ano passado, arderam mais de 10 mil hectares.
Rádio Renascença
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