terça-feira, 19 de abril de 2011

Encontro de hemofílicos acabou em tragédia

Autocarro vindo de Lisboa despistou-se e capotou à saída da A-1, em Taveiro, causando um morto e 32 feridos, dois em estado muito grave.

Correu da pior forma o encontro da Associação Portuguesa de Hemofilia que iria decorrer este fim-de-semana, com pessoas de todo o país, na zona do Luso. Um autocarro proveniente de Lisboa e transportando 33 pessoas, que se deslocavam para aquele evento, despistou-se à saída da A-1, numa curva apertada antes da portagem de Taveiro, e capotou num aparatoso acidente que provocou a morte de um dos passageiros e ferimentos nos restantes ocupantes, 13 deles em estado grave e dois (um deles uma criança) em estado muito grave.

De acordo com António Martins, comandante da Protecção Civil distrital, o autocarro terá saído da auto-estrada, em Coimbra, para ir buscar outros participantes no encontro, que esperavam o grupo junto ao Portugal dos Pequenitos. Não são conhecidas as causas do acidente. Aliás, ontem à tarde ainda estavam no local elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR a apurar o que terá provocado o sinistro, permanecendo cortada a saída de Taveiro da A-1, ao final de várias horas.

De qualquer modo, no local era visível uma travagem de vários metros no início da curva de acesso à saída da A-1 e ainda danos vários no rail lateral esquerdo, provocados pelo embate do pesado - alugado pela Associação de Hemofílicos de Portugal - que ficou completamente virado ao contrário e imobilizado precisamente em cima de um rail lateral, deixando três vítimas encarceradas.

O único morto no acidente, António Serra, com 63 anos e residente no Seixal, que se encontrava a meio do autocarro e cujo óbito foi decretado no local, foi uma dessas vítimas, como confirmou aos jornalistas Sofia Madeira, do INEM. As outras duas eram duas mulheres que estavam conscientes e que receberam apoio de passageiros dentro do autocarro e de equipas do INEM enquanto os bombeiros não consideraram haver a segurança necessária que para fosse avaliado o seu estado de saúde.



Realidade mais favorável
Aliás, a médica do INEM e coordenadora das operações, confessou aos jornalistas que, tendo em conta o aparato do acidente, o número de feridos e o facto de se tratar de doentes hemofílicos - com dificuldade em controlar sangramentos e «com nível hemorrágico muito elevado» - para além de dificultar o trabalho das várias equipas médicas fez temer um desfecho muito pior do acidente.

«Temíamos uma visão muito pior do que o que aconteceu na realidade», afiançou a técnica, confirmando a existência de passageiros com traumatismos cranianos, abdominais, dos membros, entre outros, muitos deles «desorientados e assustados» e apontando como principal dificuldade o facto de as equipas médicas não terem conseguido aceder à listagem dos factores de coagulação que cada ferido necessitava para estancar os ferimentos.

Diário de Coimbra