Comandante alerta para dificuldades de pagar transporte de ambulância
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital (BVOH) advertiu, ontem, para o risco de alguns doentes começarem a não ter condições para pagar o custo inerente ao transporte de ambulância, o que faz com que essas pessoas deixem de ter acesso aos cuidados de saúde. Emídio Camacho falava durante a cerimónia solene comemorativa do 89.o aniversário da Associação Humanitária dos BVOH, que, como é habitual, contou com a presença de diversas entidades responsáveis pelas áreas da protecção e socorro a nível distrital.
Um dia de festa para a grande família dos Bombeiros oliveirenses, que foi também uma oportunidade para os seus dirigentes se fazerem ouvir relativamente a alguns problemas que a corporação enfrenta neste momento, nomeadamente na área da saúde e ainda no que diz respeito ao dispositivo de combate a incêndios florestais para a próxima época. Referindo-se ao transporte de doentes, o comandante dos BVOH garantiu que, além do valor actualmente pago por quilómetro pela ARS «não acompanhar a actual subida de combustíveis» nem «garantir os custos subjacentes à manutenção das viaturas», as novas portarias que regulam este serviço «podem originar que muitos doentes deixem de ter acesso às credenciais de transporte de ambulância». Uma situação que, se por um lado vai criar problemas junto de muitos dos utentes deste transporte, «maioritariamente em situação de carência sócio-económica», vai, segundo Emídio Camacho, acarretar dificuldades acrescidas aos corpos de bombeiros que «irão ressentir-se com a redução drástica de serviços nesta área», o que poderá levar «à necessidade de redução de recursos humanos».
Dispositivo de combate a incêndios será menor
No que toca ao dispositivo de combate a incêndios florestais para este ano, o comandante dos BVOH mostrou-se igualmente preocupado com a eventual redução da estrutura operativa relativamente a 2010, o que, a verificar-se, na sua opinião, poderá «colocar em causa os níveis de eficácia em termos de actuação na primeira intervenção, e consecutivamente limitar a capacidade dos bombeiros no controlo e combate aos incêndios florestais». Uma questão tanto mais importante, porquanto a sua corporação foi a que registou maior número de incêndios florestais no Verão passado no distrito de Coimbra, o que não teve, contudo, correspondência ao nível da área ardida, «onde se obtiveram resultados positivos». Resultados que foram, de resto, reconhecidos pelo comandante da Protecção Civil distrital, coronel António Martins, que realçou os elevados níveis de operacionalidade desta corporação, o que foi visível na última época de fogos florestais. Apesar do dispositivo para 2011 ainda ser uma incógnita, aquele responsável dá quase como certo que não seja o mesmo de 2010, pelo que «teremos de viver com aquilo que temos», avisou.
Também o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, frisou a eficácia com que este corpo de bombeiros se bateu, ainda no último Verão, perante as sucessivas ocorrências que fustigaram o concelho, deixando a promessa de continuar a apoiar esta instituição como tem feito nos últimos dois anos, apesar dos tempos difíceis que se avizinham em que o próprio orçamento municipal conta com muito menos verbas. «É preciso fazermos opções e cortarmos em coisas muito mais supérfluas que o município apoia», afirmou o autarca, lamentando que alguns políticos de Lisboa não consigam fazer o mesmo e que o concelho de Oliveira seja o exemplo acabado de um concelho que tem sido «vítima» dos diferentes governos.
Região continua sem “estrada digna desse nome”«O concelho não tem sido tratado com o devido respeito em termos de acessibilidades», acusou José Carlos Alexandrino, classificando mesmo de «vergonha» aquilo que se passa a este nível na região, que continua sem «uma estrada digna desse nome». «Lamento que ainda não tenha sido desta vez que isto tenha sido uma realidade», criticou ainda o edil, pensando que o concelho tem pessoas e empreendedores que «já mereciam esta obra». Apesar de tudo, José Carlos Alexandrino frisou que pela «primeira vez» existem estudos de impacte ambiental concluídos e prontos para lançar a obra, enquanto outros no passado se «esqueceram de lutar por este desígnio», referiu, em dia de festa na casa dos soldados da paz.
Diário de Coimbra
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