Bombeiros sem meios para socorro na neve
Resgates foram dificultados por não haver equipamento adequado
A grande maioria das corporações de bombeiros não está equipada para fazer face a situações de mau tempo com queda de neve ou gelo. Na Região centro só há duas motos de neve. Fatos térmicos são pouco mais de 20. Há bombeiros sem GPS e as comunicações são pouco fiáveis.
No distrito de Viseu, a única ambulância todo-o-terreno está avariada há mais de um ano. Falhas tornadas públicas numa altura em que o interior norte atravessa uma vaga de frio, em que a grande maioria das localidades está sem acessos devido à queda de neve e em que as previsões apontam para uma descida acentuada das temperaturas mínimas. Segundo a meteorologia, o tempo só deverá aquecer na quinta-feira.
A falta de meios adequados ao socorro na neve foi notório na noite de domingo, quando os bombeiros tiveram que resgatar dois homens num parque eólico no Montemuro, a mil metros de altitude. "O heli não conseguiu actuar e a moto de neve tardou a chegar", conta o comandante dos Bombeiros de Castro Daire. A solução foi enviar dois grupos que "percorreram 7 km pelo cume da montanha a pé", adianta Paulo Matos.
Os bombeiros "não tinham fatos térmicos nem tão-pouco GPS. Foram acompanhados por comunicações rádio, mas foi um resgate extremamente difícil, só feito em segurança quando chegou a moto de neve de Seia". Paulo Matos comanda os bombeiros de Castro Daire, que durante dois dias esteve em grande parte isolado devido à intensa queda de neve.
O comandante lembra as fragilidades: "Num grande nevão, e acima do Montemuro são frequentes, não conseguimos prestar um socorro eficaz. Temos formação em salvamento de grande ângulo, mas falta o equipamento. Não temos GPS e a nossa única ambulância todo-o-terreno está avariada há mais de um ano".
Na serra da Estrela a situação é idêntica: "Só temos uma moto de neve e 12 fatos térmicos", alerta Virgílio Borges, comandante dos Bombeiros de Seia. A falta de uma segunda moto "agrava as condições de segurança porque ao enviarmos um só homem de moto, ele fica em risco, sem cobertura de apoio", conclui. Na Covilhã a corporação está apetrechada, "mas não em condições". "A neve que cai aqui é uma neve húmida que cai com 00C. Os nossos fatos são apropriados para os Alpes, onde a neve é mais seca. Ao fim de uma hora de operação já os homens estão ensopados", diz José Flávio. Aqui o problema é minorado pela existência permanente de um grupo de montanha da GNR na Torre.
Problemas e vulnerabilidades que se revelam quando o País atravessa uma vaga de frio e neve "como já não se via há 20 anos", lembra António Almeida, comandante dos Bombeiros de Salvação Pública, que operam na serra de S. Macário. Aqui o equipamento para o socorro na montanha "é inexistente", conclui.
Diário de Notícias
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