Bombeiro denuncia falhas graves no combate aos fogos
Viaturas são conduzidas por bombeiros sem carta para o efeito
A Secretaria de Estado da Protecção Civil (SEPC) e a Liga de Bombeiros Portugueses (LBP) estão a averiguar as denúncias de um bombeiro da corporação de Mangualde que alertou para várias irregularidade no quartel que estão a pôr em causa a operacionalidade da resposta a incêndios.
As denúncias, que provocaram a demissão do bombeiro e a que o DN teve acesso, foram enviadas ao Comandante Distrital da Protecção Civil de Viseu, sem que houvesse resposta. Facto que levou bombeiro Berardo Polónio a dirigir-se ao secretário de Estado a quem alertou para "situações muito graves no corpo de Bombeiros Voluntários de Mangualde".
No documento são elencados vários factos entre os quais queixas sobre a operacionalidade das viaturas, "escalas de serviço afixadas no dia anterior ou mesmo no próprio dia em que entram em vigor". O documento refere também o favorecimento de "certo número de bombeiros em prejuízo dos restantes", o que faz com que "dado o alerta apenas compareçam poucos bombeiros o que invalida uma resposta atempada".
O bombeiro - que foi alvo de dois processos disciplinares - acusa ainda o comando de "assegurar a resposta do corpo de bombeiros com os elementos das equipas permanentes o que faz com que o pessoal se ausente do quartel por períodos elevados de tempo, levando à falta de operacionalidade e prontidão".
É ainda alvo da queixa o facto de "a condução de viaturas pesadas em urgência, e não urgência, ser feita por bombeiros sem carta para tal".
Na missiva o secretário de Estado é ainda alertado para "situações de sexo dentro das instalações dos bombeiros com o conhecimento do comandante".
Denúncia semelhante registou-se no ano passado nos Bombeiros Voluntários de Santarém, onde o comandante instaurou um processo depois de surgir um filme captado por um telemóvel, em que um bombeiro mantinha relações sexuais com duas colegas no quartel.
Berardo Polónio acusa também o comando da sua corporação de favorecer "determinados bombeiros" nas promoções, que são feitas em "resultado de forças estranhas e dúbias num processo viciado desde o inicio". O bombeiro lembra ainda que "os promovidos não são os que tiveram as melhores notas", pedido, a esse propósito, que o concurso seja investigado.
Estas denúncias, ao que apurou o DN, remontam a Outubro passado quando a Autoridade Nacional de Protecção Civil foi alertada pela primeira vez.
Na altura as queixas foram reencaminhadas para a Direcção Nacional de Bombeiros. Sem obter resposta, o denunciante dirigiu-se à SEPC que esta semana garantiu "ir analisar o sucedido". O DN tentou, sem sucesso, ouvir José Medeiros, secretário de Estado da Protecção Civil. Já Duarte Caldeira, presidente da Liga de Bombeiros garantiu já ter tomado "conhecimento do problema" e estar a "apurar o sucedido". Também Henrique Pereira, segundo comandante distrital da ANPC, admitiu saber das denúncias, mas adiantou não poder intervir por se tratar "de um problema interno do corpo de bombeiros".
Polémica
A Secretaria de Estado da Protecção Civil está a investigar ainda alegadas irregularidades na corporação de Mangualde que podem colocar em causa a operacionalidade da resposta aos incêndios. As queixas referem ainda a prática de sexo nas instalações e favorecimento de alguns elementos.
Diário de Notícias
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