terça-feira, 29 de abril de 2008

Voluntários em risco de perder verbas do QREN

A celebrar 119 anos de existência, os Bombeiros Voluntários de Coimbra esperam ver resolvida a cedência do terreno para o novo quartel o mais depressa possível, caso contrário podem perder o apoio comunitário, que significa 70% do investimento. Com despesas mensais de 30 mil euros, o financiamento é outro dos problemas da corporação

Os Bombeiros Voluntários de Coimbra continuam a aguardar pelo desbloqueio do impasse que está a atrasar o novo quartel da corporação, cuja construção está prevista para uma zona entre o Fórum Coimbra e o Centro de Saúde de Santa Clara. Tudo está dependente de um «acordo» entre a Câmara Municipal de Coimbra e o actual proprietário do terreno, frisa Fausto Garcia, presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra, acrescentando que, «há cerca de um ano», que aguarda pela assinatura do protocolo que viabiliza a cedência do terreno.

O tempo está a passar e Fausto Garcia teme que o quartel, que deverá rondar 1,5 milhões de euros, perca os fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), que significa um apoio de 70% a fundo perdido. «As prioridades do Governo são Coimbra e Figueira da Foz», salienta o presidente da Associação Humanitária, desejoso que da parte da autarquia cheguem respostas rápidas, uma vez que as candidaturas ao QREN já arrancaram.

Alcançadas as verbas comunitárias, restam os 30%, que poderão ser alcançados através da venda do actual quartel, para onde já existe um projecto, aprovado pela Câmara Municipal, para habitação, escritórios e parque de estacionamento subterrâneo.

A história da nova localização dos Bombeiros Voluntários de Coimbra já dura há, pelo menos, 10 anos, lamenta Fausto Garcia. A primeira hipótese passava pelo Gorgulão, em Eiras, chegando a haver projecto, concurso público e até lançamento da primeira pedra.

Entretanto, «o presidente da Câmara e o secretário de Estado da altura consideraram que o terreno não tinha condições», recorda. Chega-se à hipótese situada junto à pista de motocross, na Guarda Inglesa, mas também o terreno não oferecia garantias, porque estava em zona de cheias. Foi, então, num dos últimos aniversários da corporação que Carlos Encarnação anunciou a nova localização, por trás do Fórum Coimbra, no entanto, até ao momento, a cedência está por formalizar.

Enquanto isso, «estamos mal alojados», lamenta Fausto Garcia. «Isto não tem condições para ninguém vir para aqui. As pessoas fazem o sacrifício», adianta o responsável, elogiando a boa-vontade dos 125 elementos que constituem a corporação. Destes, 10 são assalariados, porque «o tempo de tocar corneta e a sirene acabou», salienta, dando conta das dificuldades em manter as despesas mensais, que rondam os 30 mil euros por mês.

30 mil euros é também o subsídio atribuído pela autarquia aos Bombeiros Voluntários de Coimbra, mas anualmente, com tranches pagas em Julho e Dezembro. Fausto Garcia considera a verba insuficiente, especialmente quando comparada com «outras câmaras aqui ao lado», que atribuem mais dinheiro aos bombeiros e até compram viaturas para modernizar a frota, frisa.

Financiamento reduzido

Depois das deficientes instalações, o financiamento surge como o segundo maior problemas dos Voluntários de Coimbra. Mesmo assim, «tivemos alguma sorte nos últimos anos, porque os sócios beneméritos têm acorrido às nossas despesas», ajudando a renovar a frota, actualmente com 20 viaturas, e a proceder a alguns arranjos no velho quartel, salienta.

Uma das últimas obras, no valor de 16 mil euros, foi o conserto do telhado, que veio remediar os problemas, evitando, pelo menos, que continuasse a chover nas camaratas dos soldados da paz, que ganharam ainda um ar condicionado. Foram ainda adquiridos fatos de protecção individual e 16 rádios portáteis, graças à ajuda desses beneméritos – a maioria fora de Coimbra – e dos oito mil associados da Associação Humanitária, que pagam uma quota de um euro e, em alguns casos, 50 cêntimos.

Também o transporte de ambulâncias está a ajudar pouco nas contas dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, numa cidade «onde existem 11 empresas» que efectuam o mesmo serviço. «Ganhamos uma ninharia», frisa Fausto Garcia, salientando que, com os encerramentos dos Serviços de Atendimento Permanente, são as corporações de fora de Coimbra que ainda conseguem alcançar algum dinheiro nesses serviços.

Viatura de combate a incêndios vai ter nome do eurodeputado
Fausto Correia homenageado


Os Bombeiros Voluntários de Coimbra encerram domingo as comemorações do seu 119.º aniversário, com várias iniciativas, entre as quais uma homenagem a Fausto Correia, falecido recentemente. De acordo com Fausto Garcia, a nova viatura de combate a incêndios urbanos, a apresentar minutos antes da sessão solene, terá o nome do eurodeputado socialista, um homem que colaborou com a corporação ao longo de duas décadas.

A viatura custou aos bombeiros 95 mil euros, tendo a Câmara Municipal de Coimbra contribuído com cinco mil euros. Domingo será ainda apresentada uma viatura ligeira de combate a incêndios, atribuída aos Voluntários, através de uma iniciativa do Intermarché. No entanto, para a tornar operacional, os bombeiros tiveram de gastar oito mil euros em equipamento.

O investimento da corporação na renovação da frota contou, recentemente, também com a aquisição de uma viatura de desencarceramento, no valor de 50 mil euros, recorda Fausto Garcia, acrescentando que a renovação da frota vai permitir abater alguns veículos mais velhos, poupando-se no pagamento de seguros, conclui.

O programa de domingo tem início às 9h30, com a missa de sufrágio, seguida de desfile de viaturas pelas ruas da cidade. Para as 11h30 está marcada a formatura geral, seguida da recepção às entidades convidadas e inauguração das viaturas. A sessão solene, às 12h30, prevê a atribuição de condecorações a bombeiros e homenagem a sócios beneméritos. ´

Diário de Coimbra