terça-feira, 29 de abril de 2008

Cigarro mal apagado pode ter estado na origem das chamas, responsável pelos centros de recolhimento

A responsável pelo centro de recolhimento de Segurança Social onde hoje de madrugada ocorreu um incêndio, em Lisboa, suspeita o fogo tenha sido provocado por um cigarro mal apagado de uma das duas idosas, que acabou por falecer.

"Aconteceu-nos isto. Uma residente que fuma um cigarro e que não é capaz de o apagar", disse Maria José Relvas, adiantando que a estrutura do edifício a partir do terceiro andar é toda em madeira, facilitando a progressão do fogo.

"Eu não vou afirmar, porque não sou perita, mas obviamente que me parece que terá sido esta a situação", referiu a directora dos centros de recolhimento do Instituto da Segurança Social de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, a directora contou que cerca das 02:00 o vigilante das instalações recebeu o alerta de incêndio e deslocou-se ao apartamento onde residia a idosa.

Numa primeira tentativa, o vigilante tentou apagar o fogo com um extintor, resolvendo, dada a ineficácia do método, chamar os bombeiros.

Contudo, o primeiro número marcado não foi directo para o comando dos bombeiros, o que levou a alguma "perda de tempo", disse Maria José Relvas, justificando a queixa dos bombeiros na demora do alerta.

Questionada sobre o plano de segurança do lar, ao qual os bombeiros também apontaram algumas falhas, a directora admitiu que são necessárias alterações no plano.

A última inspecção dos bombeiros, adiantou, terá sido realizada há seis anos, e foi essa vistoria que levou à colocação de meios de primeiro socorro no edifício.

Questionada sobre se tem confiança nos meios de socorro disponíveis, a directora respondeu: "no quinto andar, não".

Maria José relvas contou também que estão em curso obras no claustro do edifício para transferir, para aí, a unidade do lar, actualmente no quinto andar, e que tem apenas 10 pessoas.

Relativamente às vítimas do incêndio, a responsável afirmou tratarem-se, nos casos menos graves, de situações relacionadas com a inalação de fumo.

Alguns destes feridos ligeiros começaram já a regressar às instalações do centro de recolhimento.
Quanto aos seis feridos mais graves, a directora referiu que se as condições gerais de saúde se agravarem estão já garantidas oito vagas para o realojamento noutras instalações do Instituto de Segurança Social.

Também presente no local, a directora distrital da Segurança Social do distrito de Lisboa, Rosa Maria Araújo, garantiu que apesar de se tratar de um edifício muito antigo, tem condições para funcionar como centro de recolhimento e está apto para responder em necessidade de socorro/acolhimento.

O edifício, anterior ao terramoto de 1755, tem 37 mil metros quadrados e apenas um das alas foi afectada pelo incêndio.

Este edifício é um dos 45 equipamentos de resposta directa da Segurança Social na região de Lisboa e acolhe além de idosos famílias que necessitam de apoio social.

Além de lar de idosos funcionam no edifício pequenos apartamentos onde as pessoas vivem de forma auto-suficiente, como era o caso da idosa do apartamento onde deflagrou o fogo.

O incêndio provocou dois mortos e 27 feridos, sete dos quais inspiravam inicialmente mais cuidados, o que não se confirmou.

Nogueira de Lemos, vogal do conselho directivo do Instituto de Segurança Social, disse aos jornalistas que as condições de segurança eram as possíveis neste tipo de edifício.

Adiantou que o sistema de segurança funcionou e que há obras programadas e outras realizadas para melhorar as condições de segurança e de habitabilidade do edifício.

Questionado sobre se conhecia o plano de segurança, o vogal disse que não e que também não conhecia o edifício.

Quanto à intervenção do vigilante, considerou-a "correcta e pronta".

Nogueira de Lemos adiantou que foi contratada uma empresa de limpeza para preparar o regresso das pessoas, já hoje.

Lusa