Sistema anti-cheias premiado no estrangeiro fica na gaveta por falta de investidores
Uma invenção portuguesa premiada no estrangeiro para protecção de imóveis contra inundações continua na gaveta do inventor, Fernando Gonçalves, no Fundão, por falta de investidores.
Para Fernando Gonçalves - que mostra o Aquastop ou sistema "anti-cheias" lado a lado com a medalha de prata atribuída pelo júri do Salão Internacional de Invenções de Genebra (Suíça) em 2002 e uma medalha de ouro do Salão Imaginária em Vigo (Galiza) em 2007 - a invenção "é capaz de evitar prejuízos causados por inundações, como os dos últimos dias nos distritos de Lisboa e Setúbal".
"O protótipo recebeu nota positiva num parecer do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)", disse à Agência Lusa, ao mesmo tempo que lamentou que a falta de capitais próprios e de investidores o impedem de passar de um protótipo para um modelo com aplicação prática.
"Se me dedicasse a produzi-lo por medida, acho que ia ter procura. Mas era preciso capacidade financeira para montar o negócio e arrancar", disse o desenhador projectista, actualmente desempregado.
Para já, a sua principal preocupação é encontrar um emprego e só depois pensar no projecto Aquastop. "Não podemos viver só das invenções. É um mundo de incertezas, sobretudo em Portugal", acrescentou.
A invenção em si "é muito simples", disse Fernando Gonçalves, explicando que é constituída por duas placas de PVC, que se aplicam, por exemplo, nas portas das habitações, com a altura que o cliente quiser para o proteger do nível das águas.
As placas são vedadas com borracha, que as tornam estanques. São articuladas com dobradiças e um extensor que lhes aplica força contra a soleira e caixa das portas ou montras, vedando a passagem de água.
"Nem vale a pena comparar isto com areia ou outros materiais. Para além de ser um absurdo e incómodo pensar em ter sacos de areia em quantidade para proteger cada casa, não dão tanta segurança face ao avanço das águas como esta invenção", sublinhou Fernando Gonçalves.
O sistema "anti-cheias" nasceu em 2001, "depois das inundações que afectaram todo o país. Pensei que poderia fazer algo simples para evitar os prejuízos", afirmou.
Chegou a receber contactos de "indústrias de moldes de plático, interessadas em produzir o sistema em série, mas isto é um produto que tem que ser feito por medida para cada porta". "Não pode ser fabricado em série", o que inviabilizou que os contactos avançassem.
O inventor está certo de que o Aquastop seria "certamente mais barato que os prejuízos que as pessoas têm com as inundações", apontando um valor entre 300 a 400 euros como ponto de partida para a instalação.
A ideia está associada a uma outra: uma rede de sensores instalada em pontos estratégicos do solo, em ruas ou bairros, e que emita uma aviso quando determinado nível de pluviosidade acumulada foi atingida.
"Esse alerta de inundação iminente serviria para as pessoas colocarem as suas protecções. Mas isso não passa de uma ideia", acrescentou.
Lusa
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