Semana de inferno acaba "muito mais estável" mas perigo de incêndio vai continuar
Fogo de Ponte da Barca começou no sábado à noite e ainda está a arder. Os outros grandes incêndios já foram dominados.
Depois de uma semana absolutamente infernal em que chegaram a estar no terreno mais de três mil operacionais em simultâneo, a situação dos incêndios em Portugal está agora “muito mais estável”, ainda que o perigo de incêndio continue ativo, até porque vem aí uma onda de calor.
Já não são 10 os fogos que mais preocupam, nem sequer são cinco. De acordo com a página da Proteção Civil existem apenas três ocorrências significativas, sendo que uma delas está em resolução.
É a de Arouca, onde os Passadiços do Paiva voltaram a ser afetados pelas chamas que ainda lavram, agora de forma mais controlada.
É que aquela, como outras zonas que arderam, é de muito difícil acesso, o que dificulta a chegada dos bombeiros à zona.
Apesar da menor preocupação, a Proteção Civil ainda considera três incêndios como preocupantes. E um deles pode ser considerado como o mais difícil. Falamos de Ponte da Barca, que arde desde sábado à noite, provocando uma semana inteira de sobressalto na população, que por mais do que uma vez suplicou por ajuda, até a internacional.
Foi o que fez o presidente da Câmara Municipal daquele concelho de Viana do Castelo. Em declarações à CNN Portugal nesta quinta-feira, Augusto Marinho mostrou-se visivelmente preocupado com a situação, apelando a que seja enviada mais ajuda para a zona, incluindo de Espanha, se for preciso.
“A população está sobressaltada, não é fácil entrar na casa das pessoas e pedir para saírem a meio da noite. Crianças, idosos… já chega! Isto tem de ter um ponto final. É um sentimento de revolta, porque andamos a correr para proteger as pessoas e as habitações”, disse, explicando que estava a falar num local a pensar em outro.
Sobre esse mesmo incêndio, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, admitiu que será preciso ainda mais uma semana de consolidação e vigilância para garantir o fogo como terminado. Isto por causa das condições do terreno, que é "extremamente acidentado" e onde "as equipas" de bombeiros "têm muita dificuldade em progredir".
Ao cair da noite estavam ainda cerca de 700 operacionais e mais de 200 viaturas a ajudar a combater este incêndio, que foi apoiado por vários meios aéreos.
Os Passadiços do Paiva, que foram atingidos pelo incêndio que fustigou o concelho de Arouca, no distrito de Aveiro, durante três dias, vão reabrir parcialmente ao público no sábado.
“Informamos que os Passadiços do Paiva e a ponte 516 Arouca estão novamente abertos ao público a partir de amanhã, 2 de agosto”, refere uma nota publicada na página dos passadiços na rede social Facebook.
No caso dos Passadiços do Paiva, a reabertura será parcial, uma vez que apenas estará acessível o troço Areinho–Vau, permanecendo encerrado o troço Vau-Espiunca.
“A 516 Arouca volta a receber visitas sem qualquer alteração”, adianta a mesma nota.
O incêndio, que deflagrou na segunda-feira em Arouca e que já foi dado como dominado destruiu parte dos Passadiços do Paiva, numa extensão de centenas de metros, na zona de Espiunca, onde se situa uma das entradas desta infraestrutura.
Esta foi a quarta vez que o fogo atingiu este local turístico que se estende por 8,7 quilómetros ao longo de uma das margens do rio Paiva e que é uma das principais fontes de receita para a economia local.
A presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém, já disse à Lusa que a autarquia vai estudar uma "medida inovadora que permita com mais facilidade aceder a determinados pontos" e ter algum mecanismo que permita "conter estes focos junto aos passadiços".
Desde a inauguração em junho de 2015, os Passadiços do Paiva estiveram encerrados três vezes (2015, 2016 e 2024) para obras de recuperação que duraram vários meses, devido aos incêndios florestais.
Em abril, a infraestrutura reabriu na sua extensão total, após três meses de obras para recuperação dos estragos causados pelo último incêndio, que custaram mais de 200 mil euros.
Durante a sua primeira década de atividade, os Passadiços do Paiva receberam cerca de 1,8 milhões de visitantes de vários países e faturaram cerca de 1,9 milhões de euros, mediante bilhetes a preços que vão até aos dois euros, consoante a idade e o concelho de residência do visitante.
No entanto, estima-se que o retorno financeiro para o concelho seja muito maior se forem tidas em conta as receitas do alojamento local, da restauração e da animação turística.
Centenas de animais resgatados
Centenas de animais foram resgatados nos incêndios que deflagraram em Portugal entre o fim de semana e quinta-feira, destacando-se o salvamento de ovelhas, coelhos, cães, gatos, galinhas, perus, periquitos e um burro, avançou a Intervenção e Resgate Animal.
Segundo a Intervenção e Resgate Animal (IRA), uma Organização Não Governamental, cinco equipas do IRA – duas do Porto e três de Lisboa -, resgataram com vida nos incêndios em Portugal registados nestes último seis dias 60 ovelhas, 19 cães, 16 gatos, 20 coelhos, 8 cabras, um burro e um número por determinar de galinhas, perus e periquitos.
Segundo o IRA, foram ainda registados “pelo menos 350 porcos mortos numa exploração suína num incêndio em Santarém”.
Em Parada, no concelho de Arouca (Aveiro), foi a localidade de onde foram evacuadas "60 ovelhas, 12 gatos e cinco cães".
Em Aguiar Sousa, concelho de Paredes (distrito do Porto), foram também resgatados e relocalizados "20 coelhos, cinco cães, dois gatos e um número por determinar de perus e periquitos".
Na freguesia de Fornos, concelho de Castelo de Paiva (Aveiro), foram salvos seis cabras, um burro, e um número por determinar de galinhas e perus.
Em Alvarenga (Arouca) resgataram duas cabras, dois cães e um gato, em Bouças (Arouca) foram resgatados dois cães, em Nicho (Arouca) foi resgatado um gato, e em Vila Viçosa (Arouca) foram resgatados dois cães.
Em Sebolido (Gondomar, distrito do Porto), foram assistidos dois cães gravemente feridos.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial disse que o Governo irá apoiar rapidamente as pessoas afetadas pelos incêndios florestais que lavraram nos últimos dias, garantindo que “pequenos valores” serão pagos sem papéis.
Homem apanhado a atear fogo
Um homem, de 57 anos, foi detido por suspeita da prática de três crimes de incêndio florestal, em junho, na freguesia de Vila Chã (Santiago), em Ponte da Barca, anunciou a Polícia Judiciária (PJ).
Em comunicado, a PJ de Braga adianta que “nos dias 19 e 29 de junho foram detetadas ignições que resultaram em incêndios florestais na freguesia de Vila Chã (Santiago)”, no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, “junto a caminhos florestais de difícil acesso e já algo afastados do aglomerado habitacional”.
“Segundo algumas testemunhas, foi possível referenciar-se a presença e trânsito de um motociclo que ali circulava e em cujos locais de passagem foram imediatamente detetados focos de incêndio que evoluíram para a mancha florestal”, adianta.
A PJ conseguiu identificar o condutor do motociclo, “tendo sido encetadas diligências que culminaram com a recolha de prova consistente que atesta a presumível autoria dos factos”.
Os “três locais onde os incêndios foram ateados situam-se em zonas com condições de propagação a manchas florestais extensas, gerando risco acentuado para toda a floresta, onde pontuam aglomerados habitacionais”, salienta.
A polícia refere ainda que a “zona rural em questão, contígua ao Parque Nacional Peneda-Gerês e de orografia com declive acentuado, é amplamente conhecida pela sua biodiversidade”.
Os incêndios foram extintos pelos bombeiros e por populares, que precocemente os detetaram, impedindo a sua propagação.
In CNN
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