sexta-feira, 24 de julho de 2020

Morreram em serviço 229 bombeiros nos últimos 40 anos

Ao longo dos últimos 40 anos mais de duas centenas de bombeiros (229) perderam a vida em serviço, a maioria a combater incêndios florestais ou em acidentes rodoviários (quase uma  centena em cada um dos casos). Mas também em atropelamentos e mortes súbitas. Os anos de 1985, 1986, 2005 e 2013 são os que totalizam mais bombeiros mortos durante o combate a incêndios nas florestas. Nestes dados da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, solicitados pelo JN, já estão incluídas as mortes dos dois bombeiros que faleceram este mês.
O caso mais recente aconteceu no passado sábado. André Pedrosa, de 34 anos, bombeiro dos voluntários de Leiria – Secção de Monte Redondo – integrava as operações de vigilância do incêndio, em Vale Maior, quando sofreu uma paragem cardiorrespiratória.
Foi assistido pelos colegas e por uma ambulância da Cruz Vermelha, que segundo a denúncia de um bombeiro ao JN, não tinha o desfibrilhador. Entretanto, chegou uma equipa da ambulância do INEM, que fez manobras de reanimação e transportou a vítima para o hospital de Leiria, onde acabou por falecer.
A mulher de André irá receber cerca de 158 mil euros. “São as câmaras municipais que assumem o pagamento deste seguro por morte ou invalidez aos familiares diretos dos bombeiros, que é 250
vezes o salário mínimo nacional”, realça Jaime Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), organismo que subsidia os funerais, apoia os estudos dos filhos menores, que também têm direito a uma subvenção. José Augusto Fernandes, dos Voluntários de Miranda do Corvo, morreu no passado dia 11, durante o combate a um incêndio em Trevim, na serra da Lousã, distrito de Coimbra. A vítima, de 55 anos, era chefe na corporação.
Dois dias depois, a 13 de julho, no incêndio de Castro Verde, Beja, dois bombeiros da corporação de Cuba sofreram ambas queimaduras graves, em 95% do corpo.
“Encontram-se com prognóstico reservado “, adiantou ao JN Pedro Lopes, diretor Nacional de Bombeiros.
“Estes bombeiros ficaram feridos num incêndio provocado por desleixo, não houve falha dos bombeiros, que só não puderam ser mais rápidos que as chamas”, assegurou.
Jaime Soares, presidente da LBP, concorda que os voluntários não têm falta de formação. “Os bombeiros são competentíssimos, mas um incêndio é uma guerra, tem um cenário tenebroso em que a natureza está zangada”, afirmou.
EQUIPAMENTO FALSIFICADO
O Ministério da Administração Interna (MAI) mandou abrir um inquérito ao incêndio de Castro Verde, tal como solicitou a Liga dos Bombeiros Portugueses, que também pediu ao MAI o envio do equipamento de proteção individual para o laboratório da especialidade (CITEVE), para ser analisado.
“Para apurar a qualidade do equipamento porque suspeitamos que era falsificado e queremos saber quem o forneceu para que se possam apurar responsabilidades”, justificou Jaime Soares.
In Jornal de Noticias