Incêndios. População de Silves regressou a casa mas houve quem optasse por enfrentar o fogo
No perímetro urbano de Silves o fogo apanhou todos de surpresa, na quarta feira, e se em Enxerim a população foi retirada rapidamente, em Pinheiro e Garrado a maioria dos populares optou por permanecer e defender as suas habitações.
No concelho de Silves, o fogo intenso que se fez sentir na quarta feira fez com que se vivessem momentos de autêntico pânico e apesar de não haver registos de habitações afetadas, as chamas provocaram danos materiais e reduziram pomares a cinzas.
“Tinha quase uma centena de árvores de fruto, tangerinas, clementinas, dióspiros, romaneiras e umas parreiras, que ficaram todas destruídas, bem como os sistemas de regas e tubagens. A despesa total é superior a mil euros, tenho que voltar a por tudo a funcionar novamente”, disse hoje à Lusa Manuel da Silva Santos, de 67 anos.
Apesar de residir no centro de Silves, este morador possui um armazém à entrada de Silves, em Enxerim, uma das zonas mais afetadas pelos fogos, e foi obrigado a abandonar o local a mando das autoridades, tal como todos os moradores deste bairro.
“Foi tudo muito rápido, a minha mãe, que já tem uma certa idade, mora nesta rua e como a GNR estava a encaminhar o pessoal para sair, vim buscá-la para levá-la para casa para um local mais seguro”, referiu Manuel da Silva Santos, para acrescentar que “o fogo já cá tinha estado por perto de manhã e à tarde veio com uma força indescritível, não há palavras, felizmente não houve feridos, agora há que começar a recuperar as coisas”.
Apesar da ameaça sentida há alguns dias, pela proximidade do fogo, Fernanda Jesus foi outra das moradoras surpreendida pela chegada súbita das chamas em Enxerim, perto do centro urbano de Silves.
“Não tive tempo para nada, só para retirar a minha filha, os meus cães e pouco mais, o fogo surgiu de repente, do nada. Arderam alguns terrenos mas se não fossem os bombeiros não tínhamos essa sorte, isto são casas antigas e começava a arder numa ponta e acabava na outra”.
Relatou esta moradora, ao mesmo tempo que manifestou o desagrado em relação à coordenação das forças de combate ao fogo no terreno.
“Num estado de calamidade, como este, a autoridade deve ser dada às pessoas de cada região, são elas que conhecem os habitantes e os locais. E nós também sentimos mais confiança nas pessoas que conhecemos porque são aqui da terra, como o nosso comandante de bombeiros”, expressou Fernanda Jesus.
Na quarta feira, nos arredores de Silves, foram várias as áreas evacuadas devido à proximidade do fogo, mas na zona de Pinheiro e Garrado, a cerca de cinco quilómetros desta cidade algarvia, foram muitos os habitantes que optaram por permanecer e defender as suas habitações.
“Convidaram-nos a sair mas a maioria dos moradores optou por ficar. Foi tudo muito rápido, vimos o fogo surgir no topo da colina ao final da tarde e rapidamente estava perto da minha casa e depois, com o vento, saltou por cima da casa e mais à frente saltou a estrada também, foi impressionante”, relatou António Freire.
As marcas da área ardida são ainda bem visíveis a poucos metros das casas, de um lado e do outro, de várias habitações. Para este morador a intervenção dos populares e vizinhos foi essencial para evitar consequências mais graves.
“Molhámos a terra, pusemos uma máquina no terreno e fizemos uma faixa corta fogo. Fomos a primeira frente de combate ao incêndio, quando os bombeiros chegaram já estava tudo a arder, mas com os meios deles conseguiram controlar o que restava”, descreveu o habitante da área de de Pinheiro e Garrado, para criticar “o posicionamento e movimentos das forças de combate”.
“Pareceu-me haver uma falta total de coordenação, não conheciam o terreno, eram de Lisboa, na minha opinião deveria ser alguém da zona, autoridades ou residentes, a ajudar e a dar indicações porque conhecem bem este território”, alertou.
Apesar de o fogo não ter causado danos em nenhuma habitação nesta zona, houve danos materiais que afetaram vários proprietários.
“Algumas hortas foram afetadas, sistemas de rega e tubagens destruídos e medronheiros que arderam, isto está tudo registado e no seguro, vamos à Câmara saber como nos podem ajudar”.
Disse à Lusa António Freire, ao mesmo tempo que três aviões Canadair surgiam no horizonte por cima de uma coluna de fumo provocada por um reacendimento, hoje ao final da tarde.
“Aqui há muitos eucaliptos e isso é terrível para os incêndios, o pinheiro também arde, mas mais lentamente. Os eucaliptos ardem rápido e as folhas com o vento espalham as chamas, propagam o fogo mais facilmente, foi isso que aconteceu aqui e fez o fogo saltar de um lado para o outro, felizmente não houve vítimas”, salientou.
In Sapo24
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