Homem morre após falha de avaliação do INEM
Um erro na activação dos meios de socorro terá contribuído para o falecimento de um homem, de 51 anos, que se esvaiu em sangue enquanto esperava pela chegada dos bombeiros. O incidente aconteceu há uma semana em Samora Correia, Benavente.
Em vez de activar os bombeiros daquela vila, a apenas 400 metros de casa da vítima, o INEM optou por mandar para o local a corporação de Almeirim, que se situa a 57 quilómetros de distância. Ao JN, o porta- voz do INEM, Pedro Coelho dos Santos, admitiu que tenha havido uma "alegada falha" na avaliação e disse que já foi aberto um processo de averiguação interno.
Verónica Bento, a viúva, não esconde a revolta pelos longos 45 minutos de espera pela chegada do socorro, na noite de 27 de Fevereiro. Jorge Bento tinha sido sujeito, duas semanas antes, a uma traqueotomia para lhe retirar um tumor na traqueia. A operação correu bem, tal como a recuperação.
Mas, pelas 23.35 horas, o cirurgião sofreu uma pequena hemorragia, que levou o filho Pedro a ligar para o 112. Passados 15 minutos, estranhando a demora, um médico amigo da família, que tinha ido em auxílio do colega, contactou directamente o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Garantiram-lhe que os meios estavam a caminho. Aguardou mais uns minutos, até que decidiu ligar à corporação vizinha. Percebeu então que não tinham sido activados e desconheciam o episódio.
A caminho estavam, afinal, os bombeiros de Almeirim. Partiu destes questionar directamente o Centro Distrital de Operações de Socorro de Santarém (CDOS) da razão por que tinham sido accionados, quando Samora Correia conta com uma corporação bem equipada. "É uma das mais bem organizadas e apetrechadas do país", garantiu, ao JN, Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, considerando este incidente "revelador da falta de organização e accionamento dos meios de socorro pré-hospitalar".
"O CDOS percebeu que havia uma falha do CODU. Mandou- -nos inverter a marcha e regressar ao quartel", contou o comandante de Almeirim, Jorge Costa. Entretanto, a população de Samora já acorrera aos bombeiros locais questionando-os pelo atraso. "Não fomos chamados e tínhamos meios disponíveis", assegurou, inconformado, o comandante Miguel Cardia.
"Quando chegaram os bombeiros de Samora e a VMER já ele estava em paragem cardiorrespiratória, numa poça de sangue que foi saindo do pescoço. Demoraram 45 minutos. Até hoje ninguém me deu uma explicação", queixou-se Verónica Bento.
Ao JN, o comandante de Samora disse que já fez queixa ao procurador-geral da República, através do Ministério Público de Benavente, e aos ministérios da Saúde e da Administração Interna.
Caso de Vila Real vem á memória
Embora diferente, o caso de Samora Correia traz à memória o que aconteceu há mês e meio em Alijó. Um familiar de um homem que sofrera uma queda ligou para o 112, pedindo ajuda médica ou policial, uma vez que desconfiava que a vítima falecera. Do outro lado, a operadora do CODU, depois de largos minutos para perceber o conteúdo e a localização da emergência, contactou os bombeiros mais próximos, em Favaios. E deparou com um bombeiro de piquete, incapaz de sair com uma ambulância.
Depois de accionar a VMER de Vila Real, tentou accionar uma ambulância dos bombeiros de Alijó. E voltou a encontrar um bombeiro sozinho de piquete, embora este se dispusesse a chamar outro colega. O socorro foi demasiado lento. O denominador comum dos dois casos é a clara falta de coordenação dos meios de socorro.
Jornal de Notícias Online
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