Incêndios. Mais de 500 incêndios durante o período de calamidade
Domingo registou o maior número de fogos deste verão: 286 ignições. Condições adversas vão manter-se ao longo do dia de hoje.
O estado de calamidade pública preventiva decretado pelo governo cessou ontem às 24 horas mas as condições adversas para o risco de incêndio vão manter-se pelo menos ao longo desta terça-feira. Esta foi a indicação dada ontem ao i pelo oficial de ligação da Proteção Civil. Desde sexta-feira registaram-se mais de 500 incêndios no país, sendo que domingo foi mesmo o dia com mais fogos a deflagrar, um total de 286 ocorrências.
Noutros anos, já chegou a haver 400 e 500 fogos num único dia, o que este ano ainda não se verificou, disse a mesma fonte.
Ontem, até ao fecho desta edição, tinham sido registados 181 fogos e as chamas continuavam ainda a gerar preocupação em alguns pontos do país. O incêndio que mobilizava o maior número de efetivos registava-se na Covilhã, estando no terreno mais de 400 operacionais e 125 viaturas. O fogo lavrava ainda em São Pedro do Sul (Viseu), Terras de Bouro (Braga), Melgaço e Arcos de Valdevez (Viana do Castelo), Porto de Mós (Leiria) e em Resende (Viseu). Depois de durante o fim de semana ter sido necessário evacuar uma aldeia na Covilhã, ontem acabou por não ser preciso retirar os moradores da aldeia de Vilela Seca, em Arcos de Valdevez, tendo a população sido concentrada por precaução no largo da igreja. O país passa agora a alerta laranja, informou o oficial da Proteção Civil.
Calamidade pública
O estado de calamidade pública pode ser declarado face à ocorrência ou perigo de ocorrência de acidente grave ou catástrofe.
A declaração entrou em vigor às 14 horas de sexta-feira e manteve-se ativa até à meia-noite de ontem, abrangendo cerca de 155 concelhos, com destaque para as zonas centro e interior norte do país. Nos últimos dias foram reforçadas todas as equipas de vigilância florestal, principalmente durante a noite, bem como a proibição de lançamento de fogo de artifício e qualquer outro tipo de elemento pirotécnico. A medida foi contestada pelas empresas de pirotecnia, que anteciparam um prejuízo de cinco milhões de euros uma vez que a decisão levou ao cancelamento de diferentes espetáculos associados aos festejos de verão.
O fim de semana de precaução máxima viria a ficar marcado pela morte de um piloto que comandava um helicóptero de combate aos incêndios. “O governo disponibilizará todo o apoio necessário à família do piloto que hoje perdeu a vida em mais uma missão de combate aos incêndios florestais, numa atitude de coragem profissionalismo e abnegação, a qual nos merece o maior respeito e admiração”, afirmou no domingo Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, devido à queda e morte do piloto que combatia as chamas em Castro Daire. Também Marcelo Rebelo de Sousa lamentou a morte do piloto, salientando tratar-se de uma “uma nova vítima destes terríveis incêndios que têm martirizado o nosso país.”
O helicóptero despenhou-se ao embater numas linhas de alta tensão, enquanto estava a combater um incêndio em Castro Daire, acabando por se incendiar e cair no chão, provocando a morte do piloto de 51 anos. Devido às circunstâncias do acidente a empresa Everjets, dona do helicóptero, decidiu abrir um inquérito. Também o Ministério Público anunciou ontem ter instaurado um inquérito à morte do piloto, que tinha experiência no combate aos fogos.
Na última semana e meia os incêndios fizeram 125 feridos, dos quais oito graves. Ontem, ao final do dia, continuavam no terreno mais de 3000 operacionais. Com T.C.
In Jornal Económico
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