Mãos criminosas “queimam” a região de Gouveia
As chamas não largam o concelho de Gouveia levando o presidente da câmara e o governador civil a acreditar em fogo posto.
Um fogo que lavrou durante a madrugada e manhã de ontem, no concelho de Gouveia, obrigou à evacuação de 15 campistas do parque de campismo do Curral Negro.
Os 65 idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia de Gouveia estiveram também para ser evacuados, mas as autoridades acabaram por não avançar com este cenário, depois de os bombeiros terem dominado as chamas próximo dos edifícios.
O incêndio esteve mesmo às portas da cidade, na encosta norte da Serra da Estrela. Durante a madrugada o vento que soprou com muita intensidade dificultou o trabalho dos bombeiros e, só com a chegada da manhã, e de dois helicópteros, foi possível dominar as labaredas.
O presidente da câmara de Gouveia e o governador civil da Guarda dizem mesmo que estes incêndios são actos “terroristas”.
Em declarações ontem ao DIÁRIO AS BEIRAS, o autarca Álvaro Amaro, mostrava-se indignado com o facto de este ser mais um incêndio que começou durante a madrugada. “Isto é terrorismo puro, temos que elevar os níveis de combate ao terrorismo”, afirma, revoltado.
Também o governador civil do distrito da Guarda, Santinho Pacheco, adiantou ao DIÁRIO AS BEIRAS que se vive “um clima de terrorismo no nosso mundo rural” e não tem dúvida que “há uma campanha de fogo posto nesta zona do país”.
Apesar de frisar que a GNR e PJ estão no terreno para tentar encontrar os eventuais incendiários, o representante do Governo no distrito deixa um apelo: “todos os cidadãos conscientes devem transformar-se em agentes activos da protecção civil e denunciar os suspeitos de fogo posto às autoridades”. E sublinha que Portugal “não pode continuar a ter quinhentos incêndios por dia, uma vez que os bombeiros estão extenuados e o país está em choque”.
Em declarações à Lusa, Santinho Pacheco disse ter-se apercebido cerca das 22H00 de domingo “que o incêndio se estava a desenvolver junto à estrada que liga Nabais a Folgosinho”. “Às dez da noite um incêndio não começa espontaneamente, tem que haver alguém a deitá-lo”, considerou. E disse ter “a convicção absoluta de que os incêndios têm na sua esmagadora maioria mão humana, às vezes negligente”.
“Verificamos que quando se está no auge do combate a um incêndio ou quando os bombeiros já estão extenuados é que surge normalmente perto um outro”, lamenta. “Temperaturas tão elevadas, muito mato nos terrenos que não são cultivados, a desertificação e a mão criminosa leva a que isto aconteça”, referiu, acrescentando que o que vale é a dedicação dos bombeiros, “porque senão a situação era muito pior”.
Diário As Beiras
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