Formação e mudança de mentalidade para motoristas dos bombeiros
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) anunciou que vai propor à Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) a "realização de um plano de formação de emergência para abranger o maior número possível de motoristas dos corpos de bombeiros".
Esta é uma consequência do elevado número de acidentes, dos quais têm resultado numerosas vítimas, que decorrem de acidentes de viação que envolvem não apenas ambulâncias, mas diversos tipos de veículos ao serviço dos bombeiros.
Segundo a LBP, quase 60% dos bombeiros que perderam a vida em serviço, morreram em consequência de acidentes de viação que envolveram ambulâncias de socorro e de transporte e viaturas de combate aos incêndios.
A LBP não especificou quantas destas vítimas ocorreram em missões de urgência ou de simples transporte ou trânsito, nem se foram consequência de falha técnica ou humana, dados essenciais para caracterizar o problema e estudar as soluções mais adequadas.
Se tomarmos como exemplo o acidente que ocorreu na passada segunda-feira, em que se verificaram dois mortos e dois feridos graves na sequência do despiste de uma ambulância dos Bombeiros Voluntários da Benedita, o problema principal residirá não na falta de formação mas, provavelmente, na permissividade de que resultou a não utilização de cintos de segurança por parte de todos ou alguns dos ocupantes.
Sendo a formação importante, sobretudo para quem desempenha missões de socorro, a mudança de mentalidade e sancionamento de um conjunto de comportamentos de risco, que se aproximam da negligência grosseira, será o factor mais essencial para reduzir o elevado número de perda de vidas humanas entre os bombeiros.
A LBP pode, no entanto, insistir com as corporações no sentido de sensibilizar e mesmo de impor um conjunto de normas que dependem exclusivamente de uma decisão interna, sem a necessidade de esperar por um plano a acordar com outras entidades, do que pode resultar atrasos e o prolongar de uma situação que propicía o elevado número de acidentes.
A formação, sobretudo para quem conduz em missões de socorro urgentes, é essencial, mas a mudança de mentalidades é a chave para reduzir o número de acidentes e esta passa, sobretudo, pelos comandos e pela própria estrutura da ANPC, que devem impor as normas que o bom senso e a prudência há muito recomendam.
Verão Verde
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