Quando o fogo aperta, os bombeiros não têm fronteiras
Francisco Comuñas lidera há 25 anos a extinção de incêndios florestais na fronteira luso-espanhola. Ele e dezenas de colegas estiveram à beira da asfixia mais do que uma vez e estão cientes de que, perante um incêndio, não há fronteiras.
Comuñas recorda que há 10 anos, em Mata de Lobos - zona do Douro Internacional português que faz fronteira com o Parque Natural espanhol Arribes del Duero -, o incêndio cruzou a fronteira e passou para o lado espanhol de Hinojosa de Duero e La Fregeneda (Salamanca).
"O vento forte não deu trégua, fez-se de noite e estávamos sem meios aéreos, pelo que só tínhamos a possibilidade de um ataque direto às chamas", relata, acrescentando que a solução era os efetivos de Espanha e Portugal formarem uma única equipa.
Na altura "não havia tanta tecnologia como agora", explica o agente ambiental de Salamanca, pelo que foram os próprios agentes ambientais de Portugal que os ajudaram a sair da área do incêndio, já que a orientação noturna era muito complicada.
Conscientes de que as comunicações salvam vidas e ajudam à rápida extinção dos incêndios, espanhóis e portugueses partilham experiências em simulacros, como o realizado no Parque Natural de Las Batuecas, em Espanha, para unificar esforços.
Muito pior foi a situação em que ele e um grupo de bombeiros que liderou tiveram de suportar há duas décadas para salvar a floresta milenar de teixo na localidade espanhola de Tejeduelo de Requejo (Zamora), na zona fronteiriça com o Parque Natural português de Montesinhos, em Bragança.
"O momento que vivemos foi tão crítico que tivemos de nos atirar de cara para o chão para respirar melhor, face à enorme nuvem de fumo que nos sufocava", diz.
O fogo tinha várias frentes de chamas em ambos os lados da fronteira, e espanhóis e portugueses implantaram uma linha de defesa com vários bombeiros para proteger o teixo.
"Conseguimos apagá-lo, embora muitos dos bombeiros tenham sido levados para o hospital", recorda Francisco Comuñas enquanto dirige um recente simulacro de incêndio florestal na província espanhola de Salamanca, com bombeiros de Espanha e Portugal, que procura que as comunicações internas sejam mais eficazes perante um incêndio.
Urco Bondía, coordenador do Posto de Comando Avançado (PMA) instalado em Serradilla del Arroyo, em pleno Parque Natural Las Batuecas, considera que "a comunicação é fundamental para apagar os fogos e salvaguardar a vida" de todos os que participam na extinção.
In Sapo24
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