sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Populações de Arganil e Oliveira do Hospital juntam-se a protestos por uma floresta com futuro

Redes de cidadãos convocam manifestações este sábado, 20 de Setembro de 2025, contra incêndios florestais e abandono do interior, com concentrações em Arganil, Oliveira do Hospital e outras localidades do país.

Populações de Arganil e Oliveira do Hospital vão juntar-se a cidadãos de outros treze concelhos do sul ao norte de Portugal em manifestações este sábado, 20 de Setembro de 2025, contra os incêndios florestais e contra a destruição e abandono do interior. A acção é convocada pela Rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro e terá lugar também em Águeda e Aveiro (distrito de Aveiro), Coimbra, Lousã (Coimbra), São Pedro do Sul (Viseu), Sertã e Proença-a-Nova (Castelo Branco), Pedrógão Grande e Leiria (Leiria), Braga, Lisboa, Porto e Odemira (Beja).

Em comunicado enviado à agência Lusa, a organização afirma que as diversas localidades “unem-se para protestar contra a reiterada demissão do poder público em relação à floresta e aos incêndios florestais que há muito deixou de ser incompetência para não ser mais do que a prática reiterada de permitir a destruição e desertificação do país, começando no mundo rural”.

Segundo a Rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro, “este ano ardeu mais de 3% do território nacional. Há menos de uma década, em 2017, ardeu 5% do território e, nos últimos 35 anos, metade do país já ardeu e várias áreas arderam duas ou três vezes nesse período”.

A organização considera que pode haver menos incêndios, mas que para isso “é essencial ter menos calor” e é urgente mudar a organização e a composição das paisagens e da floresta. O protesto, explica, organiza-se em torno de três eixos: a “deseucaliptização” do país, com perto de um milhão de hectares ocupados por uma espécie invasora que se expande a cada fogo; a descarbonização, vista como única forma de travar o aumento das temperaturas que agrava fogos e ondas de calor; e a democratização, rejeitando as opções industriais e de desenvolvimento impostas ao mundo rural.

Para Margarida Marques, porta-voz do movimento em Arganil, onde teve início o maior incêndio de sempre em Portugal, o protesto “traz a inultrapassável realidade dos nossos tempos: transformar a paisagem, planear a reocupação dos territórios abandonados e travar o aumento da temperatura”.

De acordo com o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, o ano de 2025 é já o terceiro pior de sempre em termos de área ardida até 31 de Agosto, com 7.046 fogos registados entre 1 de Janeiro e 31 de Agosto que consumiram 254 mil hectares. A análise preliminar do SGIFR indica ainda que 17% dos grandes incêndios começaram durante a noite.

A Rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro foi criada em 2022, no rescaldo de uma caravana pela justiça climática que percorreu cerca de 400 quilómetros, entre a Figueira da Foz e Lisboa, passando por locais fortemente afectados por incêndios florestais.

In Correio da Beira Serra